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A importância dos primeiros 6 anos na vida do seu filho: entenda por que são tão valiosos!

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Se todo pai compreendesse a janela de oportunidade que se abre do nascimento do seu filho até os seis anos de idade – a chamada primeira infância –, em poucos anos teríamos uma revolução nos níveis de felicidade no Brasil.

Aqui, na contramão dos países desenvolvidos que estão no topo do Ranking Mundial de Felicidade da ONU (em 2024 ficamos apenas no 44ª lugar), temos o costume de desembolsar muito mais dinheiro público no ensino superior do que na educação infantil, perdendo oportunidades preciosas de formar cidadãos mais felizes e prósperos desde a base.

Mas esse problema crônico, de solução distante, não se restringe a governos: pais que não aproveitam bem os primeiros anos da vida dos filhos aumentam drasticamente as possibilidades de que no futuro eles se tornem adultos problemáticos e limitados cognitiva e emocionalmente.

Por que a primeira infância é a fase mais importante da vida?

Os seis primeiros anos de vida são o período em que o cérebro humano mais se desenvolve – é o momento de formar a base para as capacidades cognitivas, emocionais e sociais futuras. É, portanto, uma etapa determinante para o sucesso pessoal e profissional do futuro adulto.

Em outras palavras, a maneira como essa fase for vivida gera consequências (positivas ou negativas) para o resto da vida. E a grande questão é que a atitude dos pais ao longo dessa fase impacta diretamente no quanto a criança vai conseguir absorver de boas experiências, estímulos, afeto e segurança.

Um estudo de 2018 da Universidade Murdoch, na Austrália, analisou a relevância do papel dos pais no desenvolvimento das chamadas “funções executivas” das crianças – ou seja, o conjunto de habilidades cognitivas essenciais para o controle do comportamento, do pensamento e das emoções.

Os pesquisadores observaram que quanto mais nova a criança for, mais crítico será o efeito da influência dos pais para o desenvolvimento das funções executivas. E fizeram um importante destaque: o distanciamento entre pais e filhos aparece como um comportamento prejudicial nesse processo – por outro lado, a proximidade e o afeto foram apontados como muito positivos.

Ou seja, as marcas positivas ou negativas que você vai deixar para seus filhos têm tudo a ver com a forma como passa o tempo com eles e com as experiências que proporciona especialmente durante a primeira infância.

Mas proporcionar experiências valiosas durante a primeira infância não tem a ver com levar o filho para uma viagem internacional aos dois anos, matriculá-lo na escola bilíngue com aulas de robótica aos quatro ou presenteá-lo com um Iphone novinho em folha aos seis.

Tem a ver, sim, com o tijolo que você coloca a cada dia que, mesmo exausto depois de um longo dia de trabalho, escolhe passar tempo com seu filho fazendo o que ele gosta; quando abre mão do seu descanso para levá-lo para andar de bicicleta; quando exercita a paciência nas situações cotidianas para ensinar e orientar; quando brinca, conversa, ri e cuida.

Paternidade na primeira infância
| MidJourney

Recentemente fiquei alguns dias com uma dor incômoda na lombar e no pescoço por conta de um movimento errado que fiz treinando jiu-jitsu. Apesar de não ser uma dor tão forte, um certo dia essa dor ficou “martelando” sem parar desde a hora que acordei, e no final da tarde eu estava mais cansado do que o normal e um pouco irritado.

Quando o meu filho Vitor, de três anos, chegou da escola, tudo o que eu queria era que ele estivesse bem calminho e quisesse sentar no chão para brincar de qualquer coisa parado (o que quase nunca acontece). Pelo contrário, ele chegou agitado como sempre e queria brincar de nada menos do que lutinha!  

Foi um processo na minha cabeça mudar a chave do que eu queria fazer (deitar no sofá sem nenhuma interrupção e assistir às lutas do UFC que eu tinha perdido no final de semana) e o que naquele momento eu precisava fazer, que era passar um tempo com ele.

Passados uns 40 minutos, com ele lutando ferozmente e vez ou outra me acertando um golpe exatamente onde estava dolorido, ele cansou. Subiu no meu colo e disse: “Eu te amo, papai”. O Vitor não é muito de falar essas coisas. Parece que ele escolhe os momentos certos que a gente precisa ouvir.

Missão cumprida. Naquele dia fui mais forte do que a tentação de deixar escapar a oportunidade preciosa que eu tinha de passar um tempo com ele. Coloquei mais um tijolo, plantei mais uma semente. Um dia ele vai colher tudo isso, e eu vou ser o primeiro a me alegrar vendo-o se tornar um adulto feliz e realizado.

Em resumo, as experiências mais relevantes para o desenvolvimento cognitivo e emocional de uma criança acontecem naturalmente quando você decide “gastar” tempo com ela. Esse é o investimento que mais importa para uma criança, e é a herança mais valiosa que um pai pode deixar.

Fonte: gazetadopovo

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