Na nova Lisboa que vem se desenhando nos últimos anos, há hotéis boutique com jardins secretos e rooftops badalados. Há palacetes seculares com suítes recheadas de móveis de época que já hospedaram reis e popstars. Há “relais”, “hips” e “smalls” que abrem as portas da Baixa a Belém. E há o Ritz. Um monumento modernista de concreto e vidro no topo da Avenida da Liberdade, que abriu as portas há exatos 64 anos. Um ícone recheado de elementos art déco, tapeçarias emblemáticas e obras de arte. A Grand Dame de Lisboa.
Sábado de outono. Passa pouco do meio-dia quando o táxi estaciona na porta de casa. Seis minutos mais tarde, desembarcamos em frente ao número 88 da Rua Rodrigo da Fonseca, no coração da cidade. Um envelope na recepção me lembra do compromisso no spa para dali a 40 minutos. Ainda daria tempo de fazer o reconhecimento da área: o lounge recheado de imensos painéis de tapeçaria assinadas pelo artista português do século 20 Almeida Negreiros; a pista de corrida no rooftop que descortina as mais lindas vistas das colinas de Lisboa; e a nossa suíte no quinto andar, com uma deliciosa varanda debruçada sobre a maior área verde do centro de Lisboa: o Parque Eduardo VII.
Devidamente paramentada de roupão e chinelos felpudos, desci para o spa, onde a terapeuta já me aguardava para a massagem relaxante com aromaterapia. Escalda-pés e um óleo de lavanda embalaram os 50 minutos seguintes, dos quais pouco me lembro (dormi profundamente). O resto da tarde foi à beira da piscina aquecida enquanto a chuva caía fininha lá fora, acompanhada do meu livro e de um bule de chá quentinho, só interrompidos quando a salada de quinoa com camarões foi servida.
Inaugurado em 1959 como uma grande vitrine de Portugal para o mundo, o Ritz completou seis décadas de vida em plena forma e aproveitou a pandemia para ganhar um belo banho de tinta e estrear o conceito de resort urbano. Durante dois anos, o hotel foi todo repaginado pela dupla de designers Artur Miranda e Jacques Bec, do ateliê OITOEMPONTO, que manteve a essência do passado acrescentado o que há de mais moderno em tecnologia. Do lado de fora veio o toque final: uma grande piscina ao ar livre de formas orgânicas e águas sempre aquecidas a 27 graus, cercada de jardins inspirados nos conceitos de Burle Marx.
Depois da tarde no spa, a noite foi chegando com calma na varanda do nosso quarto no quinto andar, com as luzes do Marquês de Pombal entrando pela janela. Lá no fundo, o Tejo. Na hora do jantar, tínhamos um encontro marcado com o chef Pedro Pena Bastos num dos melhores restaurantes de Lisboa: o Cura, dono de uma estrela Michelin desde 2021, à distância de meros 20 passos do lobby. Mas isso é assunto para o próximo post!
O domingo amanheceu com preguiça e ovos benedict para o café da manhã. E seguiu com mais livros, algum trabalho e outras tantas notícias até o compromisso seguinte: um chá da tarde cercado pelos grandes painéis de tapeçaria de Almeida Negreiros, com delicadezas assinadas pela Guerlain sob o tema Orquídea Imperial. Existe coisa melhor do que viajar dentro da própria cidade?
O domingo ainda teve direito a jantar no quarto, e a segunda-feira amanheceu com uma escapada à academia (uma das melhores da cidade), antes do café da manhã final. A semana já se anunciava com pressa, mas começou muito mais suave na Grand Dame de Lisboa.
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Fonte: viagemeturismo