Sophia @princesinhamt
Tecnologia

Por que a equidade de gênero nas lideranças ainda é um debate crucial?

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Você sabe por que a jornada de trabalho é de 40 horas semanais, com entrada às 8h e saída às 17h? Isso ocorre porque esse modelo foi estabelecido por homens que tinham suas mulheres em casa, absorvendo diversas cargas administrativas, como o cuidado com o lar e a educação dos filhos.
Nesta semana, o comentário infeliz de um empresário, que adora usar as redes sociais para se posicionar e causar polêmica, trouxe novamente à tona a necessidade de falarmos sobre equidade de gênero. Eu, particularmente, acho cansativo falarmos sobre isso, mas infelizmente é necessário. Quando vemos pessoas influentes, que lideram instituições de educação, com atitudes ultrapassadas e fora de contexto em pleno 2024, quando já evoluímos tanto em diversos assuntos, precisamos sim discutir a presença da mulher nas cadeiras de liderança.
Vamos aos fatos. Uma pesquisa da Korn Ferry deste ano mostra que mulheres são, em média, quatro anos mais velhas que homens quando se tornam CEOs. Isso porque elas levam cerca de 30% mais tempo de carreira para alcançar as mesmas oportunidades. Elas passam pelo dobro de experiências e possuem 25% mais formações e especializações em relação aos seus pares homens. A McKinsey, em um de seus últimos relatórios, mostrou que empresas lideradas por mulheres crescem, em média, 21% mais que as companhias lideradas apenas por homens.
Trabalho desde os 12 anos. Sim, comecei cedo. Ao longo da minha carreira, sempre convivi em ambientes majoritariamente masculinos. Ouvi – e ainda ouço – muitos comentários que, para eles, parecem engraçados porque não envolvem suas esposas, filhas ou mães, mas que, para nós, são profundamente ofensivos. A beleza pode sim abrir portas, mas o que sustenta sua posição é o repertório e profissionalismo.

Conquistei meu espaço com o apoio e o incentivo de homens incríveis que cruzaram meu caminho, ao mesmo tempo em que tive que desviar de muitas mulheres machistas, porque sim, o machismo também vem de mulheres, cenário ainda pior.
Hoje cheguei ao escritório e meu time havia preparado uma publicação sobre o desempenho do LIDE Paraná sob minha gestão. Enquanto CEO da organização, entre 2017 e 2019, triplicamos o número de membros e aumentamos o faturamento do LIDE Paraná em mais de 170%. Como presidente, desde 2019, crescemos o faturamento cinco vezes. De 64 membros, levamos a unidade paranaense a reunir quase 500 lideranças de diferentes setores econômicos do estado.
Como presidente, fiz questão de encerrar no Paraná a segmentação do LIDE Mulher. Sabe por quê? Porque, para mim, mulheres e homens estão lado a lado, trabalhando juntos pelos mesmos resultados: o crescimento de seus negócios. É incrível ver o resultado desse movimento: sócias passaram a assumir posições de liderança em empresas familiares nas quais, muitas vezes, as decisões estavam nas mãos de seus maridos, pais ou irmãos.
Tenho sucesso profissional, mas minha maior vitória é a maternidade. Vivi 4 anos distante da rotina da minha filha mais velha, hoje com 20 anos. Eu morava em São Paulo e ela no Paraná. Esse afastamento doeu, mas nos tornou ainda mais conectadas e fortes, pois tomei a decisão de crescer profissionalmente por mim e por ela. Neste período, entre 2017 e 2024, tive dois filhos, que nasceram e estão crescendo em meio às minhas agendas profissionais.

Hoje, além da gestão do LIDE, empreendo e invisto em outros negócios relacionados ao mercado B2B. Meu sócio é meu marido. Quando necessário, ele segura as pontas em casa, prepara o jantar, leva as crianças ao pediatra. É o mesmo homem que, há 10 anos, me incentiva a acreditar nos meus sonhos e a voar.
Sou mulher, líder, presidente de uma organização, empresária multifacetada com atuação em várias frentes. Não sou menos feminina por isso, pelo contrário. Assim como meus colegas homens nessa mesma posição, enfrento diariamente os desafios de gerir um negócio e, ao mesmo tempo, viver minha vida pessoal. Em nenhum momento deixo minha casa e minha família em segundo plano. Todas as minhas conquistas são para mim e para minha família.

Em março deste ano, participei do CSW, o maior fórum global de discussão sobre o monitoramento dos compromissos internacionais em relação aos direitos humanos e das mulheres, a convite do Pacto Global da ONU. Na ocasião, o Instituto PDH & PapodeHomem lançou o projeto “Meninos: Sonhando homens do futuro”, uma iniciativa que inclui pesquisa, documentário e currículo pedagógico para meninos entre 13 e 17 anos. O episódio desta semana mostra que precisamos de letramento para transformar meninos em homens com visão, responsáveis e emocionalmente equilibrados, com a coragem necessária para ajudar a construir um mundo livre de assédio, opressão e todas as formas de preconceito.
A violência de gênero é uma manifestação de desigualdade e poder. A consciência é um caminho sem volta. Infelizmente, precisaremos tratar da equidade até que não seja mais necessário falar sobre isso.

Fonte: gazzconecta

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo