No último artigo, falei um pouco sobre o que são Micro-SaaS e qual é a grande sacada desse ecossistema. Também disse que vejo muito potencial no mercado de Micro-SaaS e que eu, particularmente, tenho apostado grande parte do meu tempo nesses “pequenos negócios”.
Hoje, quero explicar, de forma breve, sobre por que eu acredito que ir de 1 a 2 é mais fácil do que ir de 0 a 1. Nesse contexto, vou tratar sobre Micro Private Equity. Já ouviu falar disso?
Para começo de conversa: o que eu quero dizer com “ir de 1 a 2”?
Ao longo da vida, são várias as experiências que vivenciamos pela primeira vez. Por exemplo: dirigimos pela primeira vez, temos o primeiro filho, abrimos uma empresa pela primeira vez. Mas, convenhamos, toda a experiência que acontece pela segunda, terceira, quarta vez, acaba sendo “mais fácil” do que a primeira. Isso porque a curva de aprendizado é muito menor, assim como a expectativa, consequentemente.
Quando eu falo sobre ir de 0 a 1, eu me refiro à situação em que o empreendedor parte do 0 para começar algo pela primeira vez. E quando eu falo sobre ir de 1 a 2, eu me refiro à situação em que o empreendedor parte de um ponto em que já se tem algo concreto, para chegar a um segundo ponto.
Isso distingue dois tipos de pessoas:
- Aquelas que constroem negócios do zero;
- Aquelas que aumentam o valor de negócios já existentes.
Você não concorda comigo que, na grande maioria das vezes, ir de 1 a 2 é mais fácil?
É sob essa lógica de pensamento que está centrada a filosofia das empresas de Micro Private Equity.
O que são as empresas de Micro Private Equity?
Empresas de Micro Private Equity (MPE) ou simplesmente empreendedores de MPE são, normalmente, aquelas(es) que já trabalharam com startups ou vieram do mercado de Venture Capital. Sua grande tese consiste na ideia de que empresas de nicho podem ser negócios incríveis, independente do tamanho do mercado.
A grande sacada dos empreendedores de MPE é apostar em produtos já validados, entendendo que é possível aumentar o valor de um negócio adquirido ainda que em estado bem-sucedido, estagnado ou até mesmo em declínio, a partir da experiência do(s) comprador(s)/sócio(s) .
Um dos grandes objetivos desses empreendedores, portanto, é gerar receita recorrente a partir de um negócio que já está no mercado, para que este negócio possa dar um retorno ao caixa de seu grupo econômico.
Esses são alguns dos preceitos básicos do MPE:
- Adquirir um negócio, no lugar de construir do zero;
- Gerar valor por meio de habilidades de escala, no lugar de investir em validação;
- Atuar com empresas nichadas, no lugar de atuar com startups com escopo amplo;
- Pulverizar um portfólio de micronegócios para compor um grupo econômico, no lugar de focar em um único grande negócio.
Quais são as vantagens da aquisição de negócios já existentes?
Há alguns motivos que sustentam a estratégia dos empreendedores de MPE de adquirir um negócio já validado em relação a criar um negócio do zero. Vou citar algumas vantagens.
Redução de riscos: quando se adquire um negócio já consolidado, no sentido de já criado, estruturado, herda-se uma base de dados já validada. Assim, não é preciso passar pelos obstáculos que fazem parte da criação de um negócio do zero, tais como a busca pelo público-alvo, a construção de uma proposta consistente de valor para esse público, o desenvolvimento de estratégias de vendas, o estabelecimento de canais de distribuição, a estruturação de um suporte ao cliente/usuários, entre outras questões.
Economia de tempo: como a aquisição do negócio pronto já contempla toda a etapa de criação e validação, isso certamente implica em economia de tempo, uma vez que o negócio já estará em um estágio em que houve progresso quanto aos erros identificados.
Obtenção de histórico de informações: na aquisição de um negócio são adquiridas, por consequência, todas as informações de seu histórico (inclusive financeiro) – que são, certamente, muito valiosas, uma vez que evidenciam os erros e acertos ocorridos ao longo de sua vida. Com isso, o planejamento para as próximas etapas acaba sendo facilitado.
Receita imediata: mais uma vez, o fato de o negócio já estar pronto faz com que se obtenha daquilo uma receita imediata, aliviando preocupações corriqueiras que fazem parte da abertura de um negócio e fornecendo autonomia. Isso também é vantajoso na atração de investidores em um possível planejamento de crescimento.
Controle da estratégia: o negócio já consolidado passou, provavelmente, por algumas fases de pivotar até alcançar sua validação. Por isso, o negócio pronto proporciona um controle estratégico estável, permitindo a inclusão de ativos com sinergia operacional no portfólio.
Especialização: para o caso de empreendedores de MPE, é possível que atuem de forma especializada na expansão do negócio e na geração de valor, já que sua atenção não precisará ser dispensada para aqueles passos básicos que fazem parte da criação do negócio.
Detalhes importantes sobre MPE
Antes que você saia comprando negócios, penso ser importante especificar alguns detalhes cruciais em relação à compra de micronegócios para os quais você precisa se atentar.
Vale lembrar, sempre, que estamos falando de negócios pequenos, em fases iniciais. Por isso, empreendedores de MPE compram negócios simples, pequenos, que estão ainda em fase inicial de vida, e que são super nichados.
Entender a importância de comprar Micro-SaaS de nicho é fatal para que a operação dê certo, uma vez que o direcionamento do produto é que o colocará em um cenário com menos competição com capital de risco.
Também vale destacar que a ideia de crescer esse pequeno negócio segue no sentido de gerar valor a partir do crescimento da receita e de melhoria operacional. Ou seja, comprar um Micro-SaaS e investir no aumento da receita recorrente mensal por meio daquilo que está precisando ser melhorado.
Por fim, e não menos importante, é entender que empreendedores de MPE buscam construir um portfólio de pequenos negócios, com estruturas enxutas, e utilizando uma mesma estrutura de serviço entre todos seus projetos – economizando tempo, dinheiro, e obtendo “pequenos sucessos” em cada um de seus micronegócios.
No fim das contas, a ideia é explorar baixo/médio risco para obter bons retornos.
E afinal… por que de 0 a 1 é mais difícil?
A resposta para esta pergunta eu deixo para um próximo artigo, porque essa discussão dá pano pra manga.
Fonte: gazzconecta