– O vereador afastado de Cuiabá, Paulo Henrique Figueiredo (MDB), tornou-se réu em processo que investiga sua suposta ligação com o Comando Vermelho (CV), facção criminosa envolvida em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. A denúncia, apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPE) e acolhida pelo juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, aponta que o vereador, preso em setembro na Operação Pubblicare, teria negociado apoio financeiro para candidatos ao cargo de conselheiro tutelar da capital.
Interceptações feitas no celular de Paulo Henrique mostram que ele entrou em contato com Ronnei Antônio da Silva, responsável pelo bar Quiosque Xomano, no bairro CPA, pedindo apoio financeiro para os candidatos. Na conversa, o vereador mencionou valores já arrecadados com Willian Aparecido, conhecido como “Willian Gordão” — integrante do Comando Vermelho — e Rodrigo Leal, seu ex-assessor. Gordão teria contribuído com R$ 500, e Leal, com R$ 1.000. Segundo as investigações, Ronnei colaborou com mais R$ 300.
A denúncia do MPE, assinada pelo promotor Adriano Roberto Alves, coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), sugere que Paulo Henrique liderava um esquema para receber propinas de promotores de eventos de Cuiabá, em sua maioria integrantes do CV, que usariam essas contribuições para promover festas em casas noturnas usadas como fachada para lavagem de dinheiro.
Além de Paulo, outros nomes foram acusados na operação, incluindo José Márcio Ambrósio Vieira, que teria atuado como testa de ferro do vereador; José Maria Assunção e Rodrigo Anderson de Arruda Rosa, acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; e Ronnei Antônio Souza da Silva, acusado de corrupção ativa.
Em uma das provas consideradas mais graves, a denúncia revela uma ligação em grupo entre Paulo Henrique e Joadir Alves Gonçalves, apelidado de “Jogador” e líder do Comando Vermelho. O vereador teria participado de uma reunião para tentar evitar ou minimizar uma punição imposta ao assessor Rodrigo Leal, reforçando, segundo o MPE, sua posição de liderança dentro do esquema de corrupção.
Após sua prisão, Paulo Henrique foi libertado cinco dias depois, mas teve a prisão preventiva convertida em medidas cautelares, sendo afastado da Câmara Municipal e monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele também foi proibido de frequentar a Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil, além de qualquer órgão da administração pública de Cuiabá. O vereador deverá seguir comunicando a Justiça sobre seu paradeiro e não pode contatar outros envolvidos na investigação.
Fonte: odocumento