Várias linhas de trens de alta velocidade que ligam Paris a outras cidades francesas foram alvos de atos de sabotagem: cinco incêndios foram provocados em lugares estratégicos para interromper a circulação ferroviária no dia da abertura da Olimpíada.
Estima-se que 800 mil passageiros tenham sido afetados. Os tráfego de trens só será inteiramente normalizado no domingo, dizem os responsáveis pela companhia ferroviária.
Quem cometeu tais atos de sabotagem? Os policiais da brigada antiterrorista e agentes do serviço de informações investigam a autoria. De acordo com fontes da área de segurança ouvidas pelo jornal Le Parisien, o modus operandi é semelhante ao utilizado em outras sabotagens perpetradas por grupos de ultraesquerda, tanto a que simplesmente contesta o capitalismo, como a ambientalista.
A hipótese de ser um grupo terrorista com outras motivações também não está descartada, mas é a menos provável neste momento. Pode ter Rússia no meio? Pode.
Conhecendo a França, a minha aposta é que tudo ficará por isso mesmo. A polícia francesa é uma das mais incompetentes da Europa. O inspetor Clouseau, interpretado por Peter Sellers em A Pantera Cor-de-Rosa, não é personagem casual. É uma sátira aos policiais da França, conhecidos por serem trapalhões ou simplesmente não gostarem de trabalhar.
Para completar o quadro, não há interesse político em desvendar crimes que podem projetar uma imagem ruim da França. Veja-se, por exemplo, o incêndio na Notre-Dame. Passados cinco anos, é como se as labaredas que consumiram o teto da catedral de Paris tivessem sido fruto de combustão espontânea.
Se foram mesmo grupos de ultraesquerda que sabotaram os trens de alta velocidade, a ordem será, mais uma vez, a de fazer silêncio ou a de não fazer muito escarcéu com eventuais prisões. Afinal de contas, Emmanuel Macron contou com esse tipo de gente para deter a direita radical do Rassemblement National nas eleições legislativas antecipadas. Que os jogos comecem.
Fonte: revistaoeste