O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que tentará reeleição na disputa eleitoral do ano que vem, cometeu uma gafe e perguntou se Gilberto Kassab (PSD), presidente nacional da legenda e secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o apoiará no ano que vem. O problema é que a pergunta foi feita em palanque de evento público, na manhã desta sábado, 23, na zona leste da capital paulista.
A legislação proíbe utilização de máquina pública para campanha, o que se enquadraria em desvio de finalidade. O simples fato de um futuro candidato aparecer em palanques não caracteriza abuso político — desde que não existam menções ao período eleitoral futuro.
Kassab, prefeito de São Paulo em duas oportunidades (2006 e 2012), desconversou. “Como é evento público, não posso falar”, disse. “Lá fora falo.”
Nunes, então, corrigiu-se e disse que se referia ao apoio para atual administração, que termina em dezembro de 2024. “É na administração, Kassab, não eleição”, explicou. Kassab, então, respondeu: “Sim”.
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“Lógico, não posso perguntar aqui para o Bahia e para o Douglas se vão estar comigo na eleição, porque não posso fazer isso no mandato”, disse Nunes, que, para se livrar do momento, voltou às atenções para a ordem de serviço de pavimentação e urbanização no Morumbizinho, na região de São Mateus, zona leste.
Kassab esteve no evento para afirmar que o PSD seguirá com Ricardo Nunes na disputa do ano que vem. “Tínhamos um compromisso com os vereadores do PSD e pré-candidatos de ainda neste ano encaminharmos posição do partido”, explicou. “Ao finalizar o ano, nada mais justo do que cumprir este compromisso. Foi uma decisão unânime em torno do Ricardo Nunes, porque entendemos que é, entre os pré-candidatos, o mais preparado.”
Nunes disse que não ligou para Marta
Depois do evento, Nunes afirmou que não conversou até o momento com a secretária de Relações Internacionais, Marta Suplicy (MDB), sobre uma possível candidatura na chapa de Guilherme Boulos (Psol), principal adversário de Nunes.
“Tomei conhecimento pela imprensa sobre esse episódio”, disse o prefeito. “Ela não me ligou, não liguei, porque não tem o menor sentido. Confio na Marta. Não tem sentido de alguém que está no governo há três anos ter uma atitude como essa. Não é perfil da Marta. Ela é uma pessoa que está fazendo um trabalho muito importante na Secretaria de Relações Internacionais. Acho que é questão superada e vai ficar só no contexto de boato e comentário.”
Sobre uma possível reforma no secretariado, Nunes disse que não deve fazer mudanças, a não ser entre os que disputarão o pleito do ano que vem. Quem quiser ser candidato deve deixar os cargos na Prefeitura de São Paulo até abril, seis meses antes da votação.
Dentre seus secretários, devem sair Carlos Bezerra Jr (PSDB), vereador licenciado que ocupa hoje a Secretaria de Assistência Social, e Aline Torres, secretária de Cultura.
O presidente da SP Obras, Taka Yamauchi, também deve deixar o cargo para disputar a Prefeitura de Diadema, no ABC Paulista.
Interpelado sobre o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que demonstrou desconforto ao saber que seu partido apoiará Nunes na campanha do ano que vem, o atual prefeito afirmou que está disposto a conversar com o parlamentar.
“Converso com todos”, disse. “Ele é deputado federal. Já estive com ele. O Ricardo Salles faz barulho na rede social. Outro dia, em um evento, sentou do meu lado, conversou. Cada um tem seu estilo, mas zero problema de conversar com ele ou com qualquer pessoa.”
Para fortalecer seu argumento, Nunes disse que dialoga com vereadores até mesmo do Psol, que seriam contra suas ideias. “Fui fazer início das obras em Sapopemba e tinha lá vereadores do Psol, do PT”, alegou. “Sou totalmente do diálogo. Ele desejando, estou disponível para conversar. Só não posso influenciar nas decisões do PL. Fico feliz pela decisão que tomaram.”
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste