O economista Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central nos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que a autoridade monetária está agindo tecnicamente e cumprindo seu papel, ao manter a taxa de juros mesmo com a pressão política.
Nos últimos dias, Lula e seus aliados intensificaram os ataques a roberto campos neto, presidente do BC, e à política monetária. Desde a eleição, o petista vinha reclamando da taxa de juros, hoje em 13,75%, e da meta de inflação para 2023, de 3,25%. Depois da reunião da semana passada, em que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa, o tom das críticas aumentou.
Porém, para Meirelles, que também foi ministro da Economia de Michel Temer (MDB) e declarou voto em Lula durante a eleição, o Banco Central age corretamente. “O Banco Central está agindo corretamente. Tem de manter a sua postura”, afirmou em entrevista à GloboNews, nesta quarta-feira, 8.
Ele explicou que a conduta do Banco Central é técnica, e não política. “O governo faz sua política fiscal, de acordo com o que acha correto, certo ou errado, e o Banco Central faz sua análise técnica, coloca todos os fatores econômicos dentro de seus modelos de análise, faz uma previsão de inflação. Se a previsão estiver muito elevada, o Banco Central tem de subir a taxa de juros, para que a inflação caia”, explicou. “Então, ele está cumprindo seu papel, não está envolvido em um debate.”
Segundo o economista, Lula também cobrava a redução da Selic quando ele, Meirelles, presidiu o BC. “De fato, algumas vezes ele se aborreceu. Queria que eu tomasse alguma medida em relação à taxa de juros, e eu explicava que não era possível”, afirmou. Porém, relatou o economista, houve crescimento econômico mesmo com a taxa de juros em 26,5%, em 2003, praticamente o dobro da taxa de agora.
Meirelles voltou a dizer que Lula está segundo as políticas adotadas pela ex-presidente Dilma Rousseff (2011 a 2016), que levaram o país à recessão. “Aparentemente, ele [Lula] está seguindo agora aquilo que foi exatamente o que aconteceu no governo Dilma. Há pouca probabilidade que dê certo”, afirmou, na mesma entrevista.
Fonte: revistaoeste