Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste domingo, 17, o ex-ministro do Marco Aurélio Mello declarou que a Corte ajudou a “enterrar” a .
Mello foi ministro do STF de 1990 a 2021, quando se aposentou. Um dos últimos julgamentos nos quais participou foi o da suposta imparcialidade do ex-juiz e atual senador (União Brasil-PR) no caso do triplex do Guarujá, envolvendo o presidente . O magistrado votou contra a suspeição de Moro, mas seu voto foi vencido pelo posicionamento de seus colegas.
Interpelado pelo jornal sobre sua opinião como um juiz que acompanhou a Lava Jato de perto, Mello disse que “não há dúvidas” sobre a contribuição do STF para o declínio da operação.
“A Corte contribuiu para a ruína da Lava Jato, sem dúvida alguma”, disse o ex-ministro, em entrevista. “Quando se concluiu, por exemplo, que o juízo da 13.ª Vara Criminal do Paraná não seria competente, se esmoreceu o combate à corrupção. Aí, talvez a colocação daquele senador [Romero Jucá], que disse que ‘precisamos estancar essa sangria’, acaba se mostrando procedente”
Ele disse que houve uma “concepção equivocada” por parte do STF sobre os casos envolvendo a Lava Jato, mas que apenas não houve a mesma concepção quanto ao Mensalão pelo julgamento ter partido do próprio Supremo. Para Mello, o tribunal ficaria “muito mal na fotografia” se viesse a declarar vícios na investigação e no próprio processo-crime.
O ex-ministro também acredita que, nos últimos anos, houve retrocesso no combate à corrupção no país. “Houve um retrocesso brutal e não continuamos a caminhar visando tornar o Brasil o que se imagina do Brasil, o Brasil sonhado”, disse.
Na entrevista, Mello também criticou as decisões do ministro , que dos acordos de leniência da J&F e da Odebrecht e .
“O grande problema é que nós passamos a ter, não pronunciamentos de órgão único, que seria o Supremo reunido em plenário, mas a visão individual de cada qual [dos ministros da Corte]”, afirmou. “Dessa forma, a insegurança está se espalhando, o que é péssimo”
Ele disse que sente uma “tristeza enorme” ao perceber o crescimento do descrédito pela instituição onde atuou durante 31 anos e ressaltou que, nos últimos tempos, só escuta críticas ao Supremo vindas da população. “São muitas críticas, e eu indago: hoje qualquer dos integrantes [do STF] sai à rua? Eu sempre saí à rua e nunca fui hostilizado”.
Fonte: revistaoeste