Os empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, participaram nesta segunda-feira, 27, de um encontro com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto. É a primeira vez que os dois são recebidos na sede do Poder Executivo desde 2017, quando que se afastaram da empresa e fecharam um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Operação Lava Jato.
Os Batistas estavam acompanhados do CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, e de outros 30 executivos do setor, incluindo Marcos Molina, da BRF/Marfrig.
O encontro se deu durante uma agenda com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira de Frigoríficos.
Acompanhado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o petista discutiu a necessidade de doações de proteína animal a famílias atingidas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.
Joesley Batista, da JBS, participa de reunião com Lula no Palácio do Planalto.
Encontro com produtores de proteína animal foi feita para discutir doações para o Rio Grande do Sul.
“Eu, sinceramente, saio daqui comovido”, afirmou o presidente sobre a participação dos… pic.twitter.com/bGx9TEDGvS
— Metrópoles (@Metropoles) May 27, 2024
Joesley e Wesley voltaram ao Conselho de Administração da JBS em março. No mês passado, Lula cumprimentou os dois durante um evento em Mato Grosso do Sul. Na ocasião, o petista disse que os empresários são os “herdeiros primeiros”, responsáveis por transformar a companhia na “maior empresa de proteína animal do mundo”.
O encontro dos dois com Lula ocorre no momento em que a Lava Jato enfrenta uma nova derrocada. Em dezembro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões da J&F, holding que administra a JBS.
A multa da J&F foi estabelecida após ela assinar um acordo de leniência em que admitiu a prática de corrupção e se prontificou a colaborar com as investigações da Lava Jato. A holding alega que foi coagida a assinar o acordo para “assegurar sua sobrevivência financeira e institucional” e que é preciso “corrigir abusos”. Em delação, irmãos disseram que emprestaram US$ 20 milhões ao PT e grampearam Temer, segundo informações da Agência Estado.
Na delação premiada formada em 2017, os empresários admitiram o envolvimento do grupo em atos de corrupção e pagamento de propina, no âmbito das investigações conduzidas pela Operação Lava Jato.
Joesley disse que Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), era um “abridor de portas da JBS” no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empresário também delatou que “emprestou” US$ 20 milhões da conta corrente do PT, que chegou a ter US$ 150 milhões.
No ano passado, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal absolveu Mantega e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho das acusações. Segundo a Justiça, as declarações feitas por Joesley são “genéricas e vazias” e não apresentaram provas das ilicitudes cometidas pelos dois.
A delação premiada dos empresários quase derrubou o ex-presidente Michel Temer (MDB), que sucedeu a Dilma. Joesley gravou uma conversa com Temer em que ele aparentemente dava aval para comprar o silêncio de potenciais delatores, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PRD). Acusado de obstrução de Justiça, o ex-presidente foi absolvido em 2019.
Lula destacou no Planalto o “sucesso da família Batista”. Ele afirmou que Zé Mineiro “criou uma família que todas elas estão predestinadas a ter sucesso”. O petista cumprimentou Joesley e Wesley, dizendo que eles são responsáveis por transformar a JBS na maior produtora de proteína animal do mundo. Em tom descontraído, o presidente brincou com Joesley e disse: “Até você vai poder comprar carro novo, Joesley”.
Fonte: revistaoeste