Foi um discurso vazio de realidade, de ações, de práticas, mas cheio de rapapé com pretensão de diplomacia “para inglês ver”. Como diplomatas se baseiam em evitar o conflito, em manter as aparências de civilidade, fizeram que acreditaram na nota de três reais ofertada pelo presidente brasileiro, .
Mas não a colocaram no bolso nem a levaram à sério. Deixaram-na sobre a mesa, rejeitaram o souvenir, até porque não vale nada mesmo. Pouco tempo de convivência com diplomatas e se aprende logo que são o bicho mais pragmático do planeta. Quando se fecham as portas é onde a coisa acontece e intenções precisam de evidências. Lula, hoje, não foi levado à sério. Deve ter sido visto como um bufão que reduziu a tradicional e respeitada diplomacia brasileira a departamento internacional de sindicato.
O tamanho do e a certeza de que todo pesadelo e mandato passam mantêm a paciência do mundo com o país. E a relação, apesar de estremecida, é preservada para o futuro.
Veja que em seu discurso diante do mundo, Lula não inovou e não apresentou soluções. Ao propor algo, só fez repetir fórmulas que ele mesmo tem dificuldade de provar a eficácia e que a inoperância de seu governo, cheio de ideias ruins ou de vazio, comprova o oposto, a ineficácia. Diante do caos fiscal em que atolou o país por um inconsequente perdularismo crônico e patológico, seu governo gera perda de qualidade da vida do brasileiro com aumento da pobreza e perda de oportunidades econômicas no cenário global.
Por outro lado, o país sucumbe à violência de “ladrões de celular pra ganhar um dinheirinho” ou de facções criminosas de “conversas cabulosas”. Violência urbana é referência em não investimento. Mas tudo é culpa dos outros. Veja que no drama nacional mais recente, o das queimadas que consomem florestas, campos e plantações por omissão federal sem precedentes, a culpa é do intangível, ou seja, da “crise climática”. Ou do indeterminado, o “mundo”. O espelho tem a resposta do infortúnio brasileiro de Lula, mas ele evita enfrentá-lo.
Fato é que o mundo, identificável em cada língua e cultura representados nas Nações Unidas, já não tem mais paciência com a leniência de Lula com o atraso baseado em crenças ideológicas do século passado e gestão de péssima qualidade. O discurso de pretenso demiurgo da democracia e de defensor do fim da fome não vende mais. A realidade brasileira de censura e o aumento da população de rua, sob seu governo, o desmentem.
No campo internacional, o Brasil e a viram Lula dobrar a aposta em se manter do lado errado da história. Mais uma vez, compromete o país inteiro nas suas relações internacionais ao dar sua versão enviesada sobre o conflito entre e o Hamas. Esquece-se o presidente que, neste caso, a ordem dos fatores e os valores de cada um importam. Os civis israelenses de um país democrático foram vítimas do mais nefasto e covarde ataque terrorista feito pelo Hamas, um grupo autoritário, sanguinário e que escraviza os palestinos em Gaza. Sem reconhecer isso e sem ter de volta todos os reféns israelenses — entre crianças e mulheres — não há como avançar. Civis em primeiro lugar, senhor presidente. Lula e seu mundo particular negaram isso ao povo israelense e assombram o humanismo.
Diante da ausência de um repúdio severo ao terrorismo e ao antissemitismo logo após aquele 7 de outubro de 2023, o que se seguiu foi a escalada de um justo direito de defesa que enfrenta terroristas que se escondem em hospitais e escolas. Esta é a principal desigualdade do conflito e a injustiça maior com as vítimas de antes e de agora dos dois lados.
Ao escolher ignorar o que os olhos lhe mostram no presente porque a ideologia passada lhe é conveniente, o presidente brasileiro se afasta da solução e aumenta o estorvo num mundo que quer soluções e estadistas de verdade.
Fato é que o discurso deste Lula de hoje não convence ninguém além dos convertidos de sempre mundo afora e os bem pagos por verbas de publicidade estatal ou por filantropos do globalismo que se esmeram em destruir a humanidade, a começar pelo seu principal valor, a liberdade.
Mesmo na cada vez menos importante ONU, para convencer, discursos precisam ser baseado em descrição de prática efetiva, não em falatório de boas intenções sem lastro no possível. Ninguém acredita se não provar que fez e faz. E o Governo de Lula 3 não fez e não faz. Ou faz errado.
Ele próprio foi apontado como chefe do maior escândalo de corrupção da história do país. Há causa maior para a pobreza que a corrupção? Está livre e presidente por decisões, reinterpretações e mudanças de entendimentos processuais pacificados de uma corte de Justiça que afronta a própria história. Supremo controverso era, até outro dia, de estilo venezuelano.
Aliás, falando em Venezuela, quando poderia mostrar ao mundo seu comprometimento com a democracia — alardeado em seu discurso de hoje, Lula não assinou a carta de repúdio da OEA ao golpe eleitoral de Maduro e à violência de Estado contra a oposição e o povo venezuelano. Se omisso, sem pulso, sem convicções democráticas e sem coragem na OEA, vai cantar de galo na ONU?
O mundo do lado de cima do Equador também se lembra que Lula 3 igualou a Ucrânia invadida à Rússia invasora. Talvez, por falta de botequim no térreo do imponente prédio das Nações Unidas em Nova York, Lula não conseguiu mediar a paz entre Putin e Zelensky numa mesa com “cervejinha”?
O Brasil abriu a Assembleia Geral da ONU como sempre faz. É uma tradição que vem de um tempo em que a diplomacia brasileira de Osvaldo Aranha era exemplar, um refúgio do mundo quando buscava mediadores com competência, nobreza e comprometida com os valores da carta universal. Sob Lula, não temos mais essa diplomacia. Diplomatas de verdade não se encontram nem se fazem em mesa de boteco.
Nem do Brasil, nem da China.
Fonte: revistaoeste