Autores do recém-lançado livro Por Que a Democracia Brasileira Não Morreu? (Companhia das Letras), os cientistas políticos Marcus André Melo e Carlos Pereira nunca deram crédito às previsões catastróficas sobre a eleição de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República.
Agora, eles publicam uma análise sobre os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023, que muitos dos seus opositores chamam de “tentativa de golpe”.
Para Melo e Pereira, as ditas “ameaças à democracia” atribuídas a Bolsonaro pela oposição nunca foram realmente viáveis. Entre as razões estão a enorme quantidade de partidos existentes na política nacional e o sistema presidencialista de coalizão brasileiro.
Ademais, caso uma possível tentativa de golpe fosse realmente levada adiante, os supostos interessados não contariam com a adesão das Forças Armadas, o que impediria tal processo.
Os autores acreditam que Bolsonaro simplesmente aceitou o resultado da eleição quando tentava mais um mandato, “apesar do grave incidente em 8 de janeiro de 2023”.
Outro assunto abordado no livro foi a dificuldade de Bolsonaro para governar. A necessidade de apoio no Congresso o levou, inclusive, a negociar com o centrão. Mas, de acordo com a análise publicada na obra, os trâmites não foram suficientes para o então chefe do Executivo avançar com sua agenda.
Melo e Pereira dizem que o ex-presidente teve a menor taxa de sucesso em iniciativas legislativas desde Fernando Henrique Cardoso, com muitos vetos derrubados e medidas provisórias não convertidas em lei.
Os autores dizem ainda que Bolsonaro precisou equilibrar sua “narrativa antissistema” para “manter seus eleitores fiéis”. “Essa é a razão pela qual Bolsonaro, como outros populistas em democracias estáveis, continuou a confrontar instituições, apesar de suas chances de sucesso serem pequenas”.
O livro sustenta ainda que Bolsonaro fez, ao longo dos seus quatro anos de mandato, “diversas ameaças à democracia”, mas que elas jamais tiveram credibilidade.
Fonte: revistaoeste