O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) concedeu entrevista exclusiva à edição desta quinta-feira, 18, do programa Oeste Sem Filtro. Líder da oposição ao governo Lula na Câmara dos Deputados, ele falou sobre o fato de ter se tornado alvo da 24ª fase da , da Polícia Federal (PF).
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A partir de ordem expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar. Um dos locais foi o na Câmara.
A Lesa Pátria é dedicada a investigar eventuais financiadores e incentivadores das manifestações do 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, a sede do STF, o Congresso Nacional e o foram invadidos. Na mira de Moraes e da PF, Jordy negou ter quaisquer relações com os protestos ocorridos em Brasília no início do ano passado.
Ao Oeste Sem Filtro, Jordy respondeu a perguntas feitas pela apresentadora Paula Leal e pelos quatro comentaristas presentes nesta edição do programa: Augusto Nunes, Silvio Navarro, Adalberto Piotto e Rodrigo Constantino. Novamente, o deputado reforçou não ter nenhum envolvimento com o que ocorreu em 8 de janeiro.
Na entrevista, o deputado descreveu como foi ser acordado com agentes da PF em sua porta. “Foi muito desesperador”, disse Jordy. “Fui acordado aos gritos: ‘Polícia Federal, Polícia Federal’.”
O deputado contou que a sua mulher e a filha se desesperaram com a operação policial. De acordo com ele, as duas choraram diante dos agentes da PF. “Foi muito angustiante”, relatou o parlamentar.
Carlos Jordy afirmou que computadores foram apreendidos, assim como seu aparelho celular. Ele ressaltou que os profissionais da PF estavam constrangidos com a situação. Nesse sentido, reforçou estar tranquilo com os materiais que não estão mais em sua posse: “Não devo nada”.
Alvo da Lesa Pátria, o deputado criticou a decisão do STF. “O que fizeram é digno de ditadura”, lamentou Jordy. “É digno de estado de exceção.”
“A Polícia Federal está sendo usada como a Gestapo deste governo”, prosseguiu o parlamentar. Dessa forma, ele comparou a atual estrutura da PF com a corporação que atuava como polícia secreta da Alemanha Nazista.
Jordy aproveitou a entrevista para afirmar que Carlos Victor de Carvalho, o CVC, é um apoiador de seu mandato em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Em uma mensagem, CVC se referiu ao deputado como “meu líder”.
Outro ponto salientado pelo deputado foi a questão de ele ainda não ter tido acesso aos autos do processo em que se tornou alvo da Operação Lesa Pátria.
Na visão de Jordy, não havia elementos para que Moraes autorizasse a operação de hoje. De acordo com ele, quem marca posição contra o governo Lula e contra o STF correm o risco de serem futuros alvos de ações similares, mesmo que elas ocorram a partir do que ele classifica como “balelas”.
“Ministros do STF estão extrapolando de suas funções”, avaliou o entrevistado do Oeste Sem Filtro. “Não existem provas contra mim.”
Ao responder a uma pergunta de Augusto Nunes, o congressista lamentou a falta de postura por parte de seus pares. De acordo com ele, o Legislativo “está desmoralizado” diante do avanço da “ditadura do Judiciário” no país.
Nesse sentido, Jordy reforçou o seu entendimento de que Moraes “está agindo ao arrepio da lei”. Ele ainda afirmou que tal opinião conta com aval de diversos outros parlamentares, mas que temem se posicionar publicamente contra os ministros do STF.
Jordy afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não foi avisado previamente da operação de hoje. O membro do PL do Rio de Janeiro contou que Lira demonstrou incômodo com tal situação e avisou que vai pedir o acesso aos autos do processo. O parlamentar lamentou, entretanto, o fato de o presidente do Senado — e, consequentemente, presidente do Congresso Nacional —, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nem sequer entrou em contato com ele.
Por fim, Carlos Jordy afirmou que espera que o Legislativo se posicione contra decisões desse tipo por parte do STF.
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Fonte: revistaoeste