Órgãos federais irão reforçar medidas de proteção ao povo indígena Yanomami e continuar o combate ao garimpo ilegal em Roraima e Amazonas. As ações foram determinadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante uma reunião ministerial nessa sexta-feira (22).
Proteção aos Yanomami
Em 2023, a situação sanitária e nutricional grave da população Yanomami foi reconhecida, segundo o Governo Federal. Uma das medidas para esse cenário foi a criação do COE – 6 Yanomami (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública), coordenado pelo Ministério da Saúde.
Foram 13 mil atendimentos de saúde aos indígenas encontrados em grave situação de abandono; 4,3 milhões de unidades de medicamentos e insumos; além de aplicação de 52.659 doses de vacinas. Ao todo, 1.850 profissionais de saúde atuaram na região.
Dentre as ações emergenciais neste ano, foi montado um hospital de campanha em Boa Vista, em Roraima, desativado em maio.
Somente nessa unidade, cerca de 2 mil atendimentos foram realizados por militares das Forças Armadas e mais de 200 evacuações aeromédicas foram feitas do território, ainda conforme o Ministério da Saúde.
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Situação “desumana”
Em janeiro deste ano, a Cufa (Central Única das Favelas) e a ONG Ação Cidadania, de Mato Grosso, arrecadaram e enviaram alimentos não perecíveis para ajudar no enfrentamento à situação de emergência sanitária dos povos da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.
O presidente Lula, que esteve no local para acompanhar de perto as necessidades dos Yanomami, classificou a situação como “desumana”.
Nos últimos anos, a Terra Indígena registrou um agravamento na saúde dos indivíduos, com casos de crianças e adultos com desnutrição severa, verminose e malária, como divulgou Júnior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi e chefe do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana).
Garimpos na terra indígena
O espaço aéreo sobre a reserva indígena foi fechado abril deste ano, para combater voos clandestinos e atividades ilegais de garimpo na região.
Na época, uma aeronave foi destruída e dois homens foram presos em uma pista clandestina, através de uma operação conjunta entre Forças Armadas, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Segundo a Força Aérea Brasileira, foi estabelecida uma Zida (Zona de Identificação de Defesa Aérea) no espaço aéreo da terra Yanomami, com a proibição do tráfego aéreo, exceto para aeronaves militares ou a serviço dos órgãos públicos envolvidos nas operações, desde que previamente submetidas ao processo de autorização de voo.
Com as ações aéreas, 430 indígenas foram transportados, 164 pessoas apreendidas e 36.645 cestas de alimentos transportadas.
A PF (Polícia Federal) deflagou 13 operações, 114 mandados de busca e apreensão, 175 prisões em flagrante e R$ 589 milhões em bens apreendidos desde o início do ano. Ainda há 387 investigações em andamento.
Ainda na tentativa de frear a exploração ilegal de ouro na terra dos Yanomami, a PF inutilizou 88 balsas, 12 aeronaves, 35 embarcações, 357 motores, 74 geradores de energia, 31 motosserras, 450 barracas de acampamento. Além disso, apreendeu 10 aeronaves, 37 armas de fogo, 874 munições de arma de fogo e 205 aparelhos de celular.
Terra Yanomami
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami tem quase 10 milhões de hectares entre os estados de Roraima e Amazonas, e parte da Venezuela, onde vivem cerca de 30 mil indígenas em mais de 370 comunidades.
Nos últimos anos, a busca pelo ouro – que acontece desde a década de 1980, se intensificou, causando conflitos armados, degradação da floresta e ameaça à saúde dos indígenas.
Com a invasão garimpeira, vem a contaminação dos rios e degradação da floresta, afetando diretamente a saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam a desnutrição por conta da falta de alimentos.
Reunião ministerial
O encontro dessa sexta-feira (22) foi organizado para fazer um balanço das ações implementadas nos dois estados em 2023. Lula afirmou que a proteção ao povo indígena é uma das prioridades do governo.
Veja abaixo quem esteve presente na reunião:
- Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino;
- ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida;
- ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta;
- ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias;
- ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva;
- ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara;
- ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck;
- representantes do Ministério da Saúde, das Forças Armadas, da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Casa Civil.
Fonte: primeirapagina