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Ligação de amor: como esse ato simples pode salvar vidas

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Grupo do Whatsapp Cuiabá

“Eu cheguei lá com o propósito de ajudar, e muitas vezes eu que fui recompensada”. É assim que Cinthia Moralles define sua trajetória no GAV (Grupo de Amor à Vida). A entidade atua na luta pela vida. Os trabalhos são ainda mais desafiadores e persistentes no mês 9, afinal, Setembro Amarelo é uma campanha criada para prevenir o suicídio.

Cinthia realizando atendimento voluntário no GAV (Foto: GAV)
Cinthia Realizando Atendimento Voluntário No Gav; Ela É Voluntária Há 7 Anos E Hoje Ocupa O Cargo De Diretora De Comunicação. (Foto: Gav)

A história dela com o GAV começou ainda em 2017, quando se identificou com o trabalho prestado pelo grupo ao pesquisar instituições para se voluntariar.

Na época, Cinthia buscava um trabalho voluntário onde pudesse dedicar um pouco de seu tempo ao próximo.

“Comecei como plantonista nos atendimentos telefônicos, e por trabalhar na área de comunicação e marketing, acabei assumindo essa área da Comunicação dentro do Grupo”, realça Cinthia.

GAV (Grupo Amor Vida)

O Grupo de Amor a Vida é dedicado à prestar apoio emocional à pessoa em crise, visando a prevenção do suicídio. Apesar de ter sede em Campo Grande, a entidade também realiza atendimentos do país inteiro.

O trabalho com a prevenção ao suicídio pode ser uma tarefa pesada, já que os atendentes/voluntários precisam conversar com pessoas em crises emocionais e psicológicas, na tentativa de prevenir um possível suicídio.

“Tem pessoas que nos ligam e dizem só estarem vivas por conta do Grupo. Isso é muito forte”.

Cinthia Moralles

No entanto, o trabalho também pode ensinar muito. A diretora de comunicação relata que durante os anos sendo voluntária, desenvolveu muito mais a empatia, o não julgamento e a se importar verdadeiramente com a dor do outro.

”Me tornei uma pessoa melhor,”

Cinthia Moralles

Tabu…

Falar de suicídio não é fácil. O assunto, que ainda é um tabu, tem revelado dados alarmantes e preocupantes. Apenas em Mato Grosso do Sul, 189 pessoas tiraram a própria vida em 2023.

Cinthia diz que apesar do tema ser delicado, é um estigma que precisa ser quebrado. A diretora destaca que pode acontecer com qualquer família, por isso é preciso falar a respeito, promover a conscientização e oferecer ajuda.

“Recebemos treinamento sobre como abordar sem despertar gatilhos, mas o suicídio, infelizmente, está cada vez atingindo índices mais altos nas estatísticas. É algo real e não dá pra fingirmos que não está acontecendo.”

Cinthia Moralles

A diretora de comunicação do GAV destaca o projeto “Ponte da Vida”, onde cartazes com frases de apoio emocional são espalhados em viadutos da cidade.

Cartaz em viaduto de Campo Grande (Foto: Gav)
em viaduto de Campo Grande (Foto: Gav)

“A gente já teve até retorno disso, de pessoas que ligaram, falaram que estavam lá, pensando, e viram o nosso apoio, se emocionaram e desistiram da ideia”, destaca.

“Com amor e sem julgamentos”

Cinthia relata que o surgimento do GAV veio da necessidade de um apoio emocional gratuito para ajudar pessoas em crise a reequilibrar suas emoções. 

“Na necessidade da escuta profunda, semelhantes que ouvem semelhantes, com amor e sem julgamentos, oferecendo apoio emocional gratuito”, explica.

A comunicadora detalha que o grupo foi criado em 2001, inspirado na história do reverendo Chad Varah, que, em 1936, na Inglaterra, foi convidado a oficiar no funeral de uma garota de 14 anos que havia cometido o suicídio ao ficar menstruada pela primeira vez.

Profundamente sensibilizado, Chad Varah resolveu publicar num jornal da época um anúncio, disponibilizando-se para conversar com qualquer pessoa que tivesse “um assunto sério” e não tivesse a quem falar.

“Assim passou a atender em uma pequena igreja, uma edificação arrasada pelos bombardeios alemães. Mesmo assim, ainda restara um aparelho de telefone empoeirado e uma linha há muito desativada. Este foi o ponto de partida para desencadear aquilo que seria anos mais tarde o mais conhecido pronto-socorro emocional do mundo: o sistema S.O.S. telefônico”.

Cinthia Moralles

Ligados com a história, três pessoas foram em busca de treinamento em São Paulo para iniciar o trabalho de apoio emocional via atendimento telefônico. 

“Dentre as quais o Engenheiro Arthur Hokama, que encabeçou o grupo e faleceu na época de sua fundação. Em homenagem, deram o seu nome à entidade”, revela.

A Associação Grupo Amor Vida Arthur Hokama, ou simplesmente GAV (Grupo Amor Vida), como é mais conhecida, é uma associação civil sem fins lucrativos, sem vinculação político-partidária e religiosa.

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Ação Realizada Em Semáforos De Campo Grande (Foto: Gav)

Além de atendimentos de apoio emocional, o GAV ministra palestras e cursos relacionados à prevenção do suicídio e valorização da vida em órgãos públicos, escolas, universidades, entidades religiosas e empresas, participando ativamente das ações em conjunto com órgãos públicos e entidades privadas.

A ferramenta também oferece lives nas redes sociais com na prevenção do suicídio.

Como identificar os sinais de risco de suicídio

Os sintomas nem sempre são visíveis, muitas vezes são silenciosos, mas há alguns sinais para os quais podemos prestar atenção.

  • Ameaças de suicídio: a maior parte das pessoas que estão pensando em suicídio irão informar um amigo ou familiar das suas intenções. 
  • Isolamento: se a pessoa deixa de ir à escola ou falta ao trabalho com regularidade, por exemplo;
  • Desinteresse: de repente, a pessoa deixa de fazer as atividades de que gosta;
  • Alimentação: a pessoa come mais ou come menos que o usual;
  • Mudança no sono: se tem insônia ou dorme demais;
  • Agressividade: no caso de jovens, às vezes a depressão se confunde com agressividade.

Ligue para o GAV

Se você precisa de qualquer apoio emocional, entre em contato com o GAV através do telefone 0800 750 5554, de segunda a sexta-feira, das 7h às 23h.

As ligações são gratuitas e garantem um atendimento sigiloso e a não discriminação. A identificação de chamadas é desativada nas operadoras de telefonia, mantendo o anonimato da ligação.

Também é possível pedir ajuda através do email precisodeajuda@grupoamorvida.ong.

Perdeu alguém?

O GAV também oferece um Grupo de Apoio a Enlutados por Suicídio, o Gaes, formado para pessoas que perderam familiares ou amigos por suicídio.

O propósito do grupo de apoio é acolher o enlutado, deixar que ele fale, caso queira, sobre seus sentimentos sem o medo de ser julgado, pois muitos não se sentem compreendidos por amigos e por familiares.

Os encontros ocorrem de forma presencial e remota. Para se inscrever basta ligar no número 0800 750 5554 ou preencher um formulário no site do Gaes

Como prevenir o suicídio?

Quando se tem suspeita de que alguém próximo pode estar apresentando pensamentos suicidas, o mais importante é demonstrar compreensão e empatia por essa pessoa, tentando compreender a situação e os sentimentos associados.

Por isso, é importante perguntar à pessoa sobre o seu estado de ânimo, saber se a pessoa está triste, deprimida e se está pensando em suicídio.

Se a pessoa disser que está pensando em tirar a própria vida e disser concretamente que tem uma arma em casa ou que já pensou a maneira como vai fazer isso, é recomendável procurar a família e procurar a orientação de profissionais da saúde .

Nesses casos, deve-se buscar ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo ou psiquiatra, que têm como objetivo tentar mostrar à pessoa que existem outras soluções para o seu problema, que não o suicídio.

Seja voluntário

Já pensou em ajudar diversas salvar vidas que precisam de apoio emocional através da prevenção do suicídio? 

Para isso, você pode ser um voluntário no GAV para conversar com pessoas que ligam para o número do grupo. 

Palestre de prevenção ao suicídio em escola (Foto: Gav)
Palestra De Prevenção Ao Suicídio Realizada Por Voluntários Em Escola (Foto: Gav)

Quem tiver interesse só precisa enviar um email para queroservoluntario@grupoamorvida.ong e esperar ser chamado.

Os voluntários do Gav passam por um rigoroso curso de formação e treinamento para aprender a ouvir e interagir da melhor forma com o atendido, respeitando os valores e princípios do Grupo. 

O voluntário também pode participar de outras atividades além do atendimento, como ministrar cursos e palestras sobre prevenção do suicídio e valorização da vida e atividades administrativas, divulgação e formação.

Fonte: primeirapagina

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