Conteúdo/ODOC – O Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso adiou, mais uma vez, a conclusão do julgamento que pode abrir um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) contra o juiz Wladymir Perri, ex-titular da 12ª Vara Criminal de Cuiabá.
O julgamento teve início em sessão realizada no dia 13 do mês passado. Na ocasião, o corregedor-geral do TJ, desembargador Juvenal Pereira, votou pela abertura do PAD. A conclusão, entretanto, foi adiada devido ao pedido de vista do desembargador Rui Ramos.
O caso voltou para a pauta nesta quinta-feira (25). Conforme a assessoria do Tribunal de Justiça, o adiamento se deu em decorrência da ausência justificada de um dos desembargadores.
Uma nova sessão será realizada de forma extraordinária, mas ainda não há uma data.
O caso refere-se ao episódio em que o magistrado deu voz de prisão à mãe de uma vítima de homicídio durante audiência no Fórum da Capital, em setembro do ano passado. Inicialmente, ele foi alvo de uma sindicância.
Nesta semana, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão, chegou a dar um prazo de cinco dias deu para o Tribunal de Justiça informar quando retomaria o julgamento. Perri também responde no CNJ pelos mesmos fatos, mas a reclamação disciplinar está sobrestada até conclusão do julgamento da propositura de PAD no TJMT.
Outras reclamações
Perri também responde uma segunda reclamação disciplinar no CNJ por supostas irregularidades na condução do inquérito policial que investiga o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro do ano passado, em Cuiabá.
Ele ainda é alvo de uma terceira reclamação disciplinar no Conselho por suposta “conduta temerária” e recorrente na condução de processos sob sua responsabilidade.
Voz de prisão – relembre o caso
O episódio aconteceu no dia 29 de setembro e ganhou grande repercussão após o vídeo da audiência ser divulgado na internet.
A ordem de prisão ocorreu no momento em que S.B. depunha e se manifestou contra Jean Richard Garcia Lemes, réu pelo assassinato de seu filho, ocorrido em 10 de setembro de 2016.
Jean Richard responde em liberdade pelo crime.
Segundo o Ministério Público Estadual, ele assassinou o filho de S.B. usando uma arma de fogo, por meio de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
No início do depoimento, a promotora do caso, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, perguntou se S.B. estava constrangida de prestar o depoimento na frente do réu.
“Não, por mim ele pode ficar aí, para mim ele não é ninguém”, respondeu S.B. à promotora.
O advogado do réu então exigiu respeito com o seu cliente, momento em que S.B. reitera seu posicionamento.
“Para mim não é ninguém. O fato de eu falar que ele não é ninguém, não vai tirar o que eu vou falar aqui, nem o que eu penso dele e o que ele pensa a meu respeito. Eu não estou nem aí. Estou aqui para falar sobre o que aconteceu”, disse ela.
Após isso, ela foi interrompida pelo juiz, que também exigiu respeito e “inteligência emocional”.
Inicia-se uma pequena discussão e então o magistrado decide encerrar a audiência. Neste momento, revoltada, a mãe da vítima se levantou, apontou para o réu, bateu na mesa e disse alguma coisa.
Assim, antes de ela sair da sala, ela recebeu a voz de prisão de Perri.
Fonte: odocumento