A virada de chave no pequeno negócio aconteceu quando Rafael passou a fritar os salgados na hora, algo que foi decisivo para que a barraca de lona se transformasse no Ponto do Salgado que os clientes conhecem nos dias atuais. A mãe de Rafael foi a responsável pelo conselho.
“Minha mãe fazia os salgados, deixou todo esse dna que temos hoje, desde o salgado e essa ideia [do Ponto do Salgado] veio tudo dela. Ela faleceu de covid-19 em 2021, não chegou a ver, mas colocamos a ideia em ação quando ela estava internada, mas antes ela já dava essa ideia. Eu trabalhava com ela na produção e na feira”, lembra Rafael enquanto mostra o salão climatizado.
No perfil da lanchonete no Instagram, o vídeo que mostra a transição entre a barraca de lona e a construção atual já foi assistido quase 1,5 milhão de vezes. Apesar de no feed da rede social o cenário mudar em poucos segundos, Rafael ressalta que são 18 anos trabalhando na produção e venda de salgados, além de viver os altos e baixos da vida de empreendedor.
“Começamos com a barraca em 2016, entre 2017 e 2020 chegamos a ter três pontos, mas na pandemia tivemos que fechar todos, passamos por uma fase complicada, principalmente financeiramente, ficamos morando em um quartinho na casa da minha sogra, devendo um monte de empréstimos. Mas depois que peguei a ideia que minha mãe sempre deu, de fritar na hora, e coloquei isso em prática, mudou tudo”.
Antes de implantarem a operação de fritar os salgados na hora, Rafael já tinha costume de ver a barraca da mãe na feira, onde ele ajudava no atendimento, ficar lotada de clientes buscando por coxinhas e risoles quentinhos.
“A gente trabalhava na feira de terça, a gente fritava na hora e sempre arrebentava de vender, pensei que se eu pegasse pelo menos uma parcela dessa clientela, seria melhor do que fazer o trabalho que a gente estava fazendo, era muito correria, trabalhando de manhã, de tarde e de noite só para pagar contas”.
Quando decidiu levar a iniciativa para o ponto de salgado que tocava com a esposa, Drielly Suzanny, de 30 anos, investiu em dois novos produtos: uma fritadeira e uma estufa. A diferença na venda foi notada ainda no primeiro dia.
“Foi só fluindo. Somos muito conhecidos aqui no bairro já, então foi questão de tempo, depois de 1 ano, o dono do espaço liberou o espaço para fazermos a cozinha e depois foi só progredindo”.
Sempre que olha para o tamanho do estabelecimento que conquistou após anos de trabalho duro ao lado da esposa, Rafael ainda se lembra dos dias de pandemia da covid-19 em que precisou desfazer parte do negócio que estava deslanchando, com trailers em três pontos da região.
“Passamos por vários altos e baixos, era uma barraquinha, depois evoluímos para um trailer e veio a pandemia, ficamos praticamente quebrados, trabalhando de manhã para comer de noite. Ficamos com a barraca um bom tempo, em média uns 9 anos”.
Em média, são vendidos mais de 1 mil salgados por dia que saem tanto em vendas presenciais, quanto no delivery. Para garantir que os trabalhadores e estudantes que passam todos os dias pela esquina, que fica perto de um ponto de ônibus na avenida Espigão, possam tomar o café da manhã no local, uma equipe entra às 4h30.
Depois da reforma mais recente, o casal ampliou o cardápio, que ganhou sanduíches, tapiocas, crepiocas e até choripan, lanche tradicional na Argentina e no Uruguai. “Nunca imaginamos que teria essa proporção, era só para pagar as contas mesmo. Hoje temos uma qualidade de vida muito melhor, temos casa própria, dois carros e estamos pensando na terceira unidade. Estamos com as contas pagas, tudo em dia”.
Fonte: Olhar Direto