A ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, deu o nome do guerrilheiro Casimiro Sotelo Montenegro à universidade confiscada da Igreja Católica, na quarta-feira 16.
A Universidade Centro-Americana da Nicarágua (UCA) anunciou a suspensão de todas as atividades, depois de ter seus bens tomados por ordem da Justiça.
Leia também: “A Nicarágua entra no clube das ditaduras”, artigo de Dagomir Marquezi publicado na Edição 86 da Revista Oeste
Segundo a ditadura, a instituição jesuíta foi considerada um “centro de terrorismo”. Ortega afirma que os religiosos organizavam grupos criminosos — uma referência aos protestos de 2018 contra o governo, vistos pelo regime como uma tentativa de golpe de Estado. A repressão deixou 300 mortos.
Estatização acelerada
A universidade tinha como reitor o padre Rolando Enrique Alvarado López. Ontem, a instituição se tornou a Universidade Nacional Casimiro Sotelo Montenegro.
Ao estatizar a instituição e renomeá-la, Ortega prestou uma homenagem a um importante guerrilheiro e militante da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Ele morreu em 1967, aos 24 anos.
Como presidente do centro estudantil da UCA, Montenegro lutou supostamente pela autonomia universitária na Nicarágua, o que a ditadura tem destruído com suas ações para manter o poder.
Leia mais: “Ditadura de Daniel Ortega prende mais um padre na Nicarágua”
O próprio Ortega estudou Direito por dez meses na instituição, antes de abandonar a universidade para ingressar na luta armada contra a ditadura de Anastasio Somoza (1937-1979). Dois de seus filhos, Daniel Edmundo e Juan Carlos, graduaram-se na UCA, em sociologia e comunicação social, respectivamente.
Leia também: “Deputado pede proteção a freiras brasileiras perseguidas na Nicarágua”
Outro filho de Ortega, Maurice, estudou economia aplicada na mesma universidade por alguns trimestres, mas antes do fim do primeiro ano retirou-se para estudar cinema fora da Nicarágua.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste