Um tribunal da Arábia Saudita condenou o professor Mohammed al-Ghamdi à pena de morte por criticar a corrupção do governo atual. O professor usou a própria conta na rede social X, antigo Twitter, para defender os acadêmicos religiosos presos depois de interrogatórios.
O caso foi denunciado em agosto pelo professor e pesquisador Saeed al-Ghamdi, irmão de Mohammed, que mora em Londres devido a um autoexílio.
حكمت المحكمة الجزائية المتخصصة في الرياض برئاسة عوض الأحمري على شقيقي #محمد_بن_ناصر_الغامدي بالقتل على إثر 5 تغريدات تنتقد الفساد وانتهاك حقوق الانسان.
ودفاعه أثناء التحقيق عن العلماء المعتقلين “عوض القرني وسلمان العودة وسفر الحوالي وعلي العمري”ولم تقبل المحكمة كل التقارير…
— سعيد بن ناصر الغامدي (@saiedibnnasser) August 24, 2023
De acordo com o portal local Middle East Eye, o professor condenado à morte criticava também as taxas de desemprego no país, a inflação e a má gestão de recursos pelo governo. Além disso, ele pedia a liberação dos presos políticos.
“Apelo a todos que tenham alguma capacidade para libertar o pescoço do meu irmão do domínio da injustiça”, publicou o irmão de Mohammed.
De acordo com Saeed, seu irmão foi condenado por defender os estudiosos sauditas Awad al-Qarni, Salman al-Odeh, Ali al-Omari e Safar al-Hawali, todos presos desde 2017 e também condenados à morte. Desde 2022, Mohammed está preso e teve a pena de morte decretada no início de julho.
Outras condenações na Arábia Saudita contra a liberdade de expressão
Essa está sendo considerada a primeira sentença à morte motivada por publicações nas redes sociais. Outras condenações por ativismo on-line já haviam acontecido, mas a pena era a prisão.
É o caso de Salma al- Shehab, candidata ao doutorado na Universidade de Leeds, na Inglaterra. Ela foi condenada a 34 anos de prisão em agosto de 2022.
Uma semana depois, Nourah al-Qahtani, que é mãe de cinco filhos, foi condenada a 45 anos de prisão por publicações feitas por duas contas anônimas atribuídas a ela.
As condenações surpreenderam até mesmo os defensores dos direitos e advogados sauditas, segundo o Middle East Eye. Conforme o veículo de comunicação, neste ano, as irmãs influenciadoras Manahel e Fouz al-Otaibi também enfrentam acusações criminais por publicações nas redes sociais. Elas estariam defendendo a causa feminista.
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Fonte: revistaoeste