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Pai de refém do Hamas critica Lula por ofender: reação emocional em destaque

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A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre violência sexual em conflitos armados, Pramila Patten, tornou oficial uma constatação que, para o engenheiro civil Shlomi Berger, é motivo de dor permanente. E não precisa de formalização.

Shlomi é pai de Agam Berger, de 19 anos, sequestrada em 7 de outubro pelo Hamas e uma das mulheres que estão entre as que podem estar sofrendo abuso sexual de integrantes do grupo terrorista. Na segunda-feira 4, a ONU reconheceu que reféns levadas pelo grupo também sofreram violações, que podem ainda estar acontecendo no cativeiro.

“Não entendi porque demorou tanto, mas se a ONU admitiu isso, imploro para que faça de tudo, não meça esforços para impedir isso e traga a minha menina e os outros reféns”. afirma Shlomi a .

“Para mim, cada minuto é uma tortura, porque eu não sei o que está acontecendo com a minha menina. Sim, para mim, aos 19, é a minha menina. Precisam fazer algo agora. Se a ONU admitiu a situação, deve fazer de tudo para parar com essa situação. Minha maior preocupação é que minha filha não tenha sofrido violência sexual. Eu não sei. Eu espero que não. É muito difícil para mim pensar ou falar sobre isso.”

O peso do depoimento de Shlomi se contrapõe ao que ele vê como descaso de boa parte do mundo em relação às vítimas de Israel nesta guerra. Entre essas pessoas, segundo ele, está o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no último dia 18 de fevereiro comparou as ações de Israel às dos nazistas e acusou o país de cometer genocídio.

“As palavras do presidente Lula são uma ofensa para mim e para todas as pessoas normais do mundo”, afirma Shlomi. “Eu não sei se o presidente Lula viu o que aconteceu no dia 7 de outubro. Os mortos, os abusos sexuais.”

“Eu não sei como o presidente não vê isso. Ele está acusando Israel e não acusa o Hamas de ter começado tudo isso. Está nas mãos deles o fim da guerra. Se o Brasil tivesse sido atacado, se um grupo tivesse matado brasileiros a sangue frio, eu iria apoiar o Brasil, não o grupo terrorista.”

Shlomi não fala com a ingenuidade dos que não conhecem a complexidade da situação. Mas, para ele, não é essa a causa da sanha assassina do Hamas.

“Ao redor de nós, não é uma situação simples, mas, infelizmente, nós vivemos isso há 75 anos, mesmo antes de que Israel se tornasse Israel”, afirma o israelense. “E nós aprendemos a viver com isso, sem nunca desistir de almejar a paz.”

Era assim que ele vivia uma rotina simples e tranquila, com sonhos em colaborar à sua maneira com um mundo melhor. Agam trazia alegria ao todos que a cercavam, por causa da música. É uma talentosa violinista.

“Éramos felizes sem viver uma vida de ostentação”, afirma ele. “Nossa rotina era como de uma família comum, eu e minha mulher trabalhávamos, as crianças iam para a escola, às vezes íamos à praia, a restaurantes, encontrar amigos. Amávamos a vida em Israel.”

Ele fala no passado, porque, mesmo sem deixar de lado o amor pelo país, aquela rotina não existe mais. Pelo menos neste momento, conforme ele torna evidente.

“Minha rotina agora é ficar o tempo inteiro ligado no celular, na web, para saber o que está acontecendo”, conta o engenheiro. “Não posso dizer que consegui dormir depois disso. Vamos para a cama às duas, três da manhã, nos levantamos muito cedo. Minha mulher parou de trabalhar. Eu, somente poucas horas por dia, quando consigo.”

Último contato e recado

Família Agam Berger - refém
Shlomi E A Família Vivem O Drama Pelo Sequestro De Agam | Foto: Reprodução/Redes Sociais

A última vez que ele ouviu a voz de Agam, foi no momento em que ela percebeu a invasão dos terroristas ao kibutz Nahal Oz. Ela só teve tempo naquela manhã de ligar para Shlomi e dizer que estava sob ataque.

Quando a refém de 17 anos, Agam Goldstein-Amog, foi libertada na trégua de novembro, ela mandou um recado de Agam Berger para o pai, lhe parabenizando pelo aniversário. Foi o sinal de vida recebido por ele.

Agam tem uma irmã gêmea, Li-Yam. Ainda tem outra irmã mais nova, Bar, 16, e um irmão, Ilay, de 15 anos. Bar se negou a voltar para a escola.

“Ela simplesmente disse que não vai enquanto não tiver a irmã de volta”, diz Shlomi.

Ilay também tem sentido a falta da irmã e passou a ter dificuldades nas aulas.

“Eu e minha mulher nem temos força para ajudar nessas questões, de ir para a escola e tentar resolver as coisas.”

A família mora em Holon, uma cidade próxima de Tel-Aviv. Os irmãos de Shlomi, conta ele, assim como a mãe, amigos e praticamente o país inteiro lhes dão apoio todo o dia. Contam com suporte psicológico e financeiro do governo, já que a mulher dele está sem trabalhar.

“Temos tudo o que precisamos, isso nos ajuda a prosseguirmos com esperança”, diz o engenheiro. “Agora o que está faltando é o principal.”

De Holon, Shlomi diz que sempre alimentou a .

Neste momento, este sonho perde para o de ver a filha dele de volta. Mas ainda sobrevive nele.

“Sempre sonhei em ver Israel em paz com todo mundo”, diz, em tom que mistura melancolia e entusiasmo. “Com o Irã, com o Líbano, com a Síria, com qualquer grupo, não há razão para tanta briga”, ressalta Shlomi.

“Mas agora, antes que tudo isso aconteça, sonho em ver minha filha de volta, e torço para que ela esteja bem mentalmente. E que todos os reféns voltem junto. Então eu estarei em paz.”

Fonte: revistaoeste

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