A quatro meses das eleições recém-convocadas pela ditadura da Venezuela, a oposição ainda não sabe quem será o candidato a disputar a Presidência da República contra Nicolás Maduro.
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O , nesta semana, mas a principal candidata da oposição, María Corina Machado, está inelegível por 15 anos. Ela venceu as prévias em outubro.
Em seguida, porém, o Tribunal Constitucional da Venezuela, confirmou decisão anterior da Corte Eleitoral ao atestar a inelegibilidade. Todo o sistema de Justiça venezuelano é controlado por Maduro. Enquanto isso, o regime continua prendendo opositores, por uma suposta tentativa de golpe.
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Nesse clima, a oposição tem de decidir se insiste em María Corina, que aparece à frente de Maduro nas pesquisas, ou se opta por outros nomes. O jornal espanhol El País conversou com líderes partidários, e eles apresentam visões diferentes sobre a corrida presidencial.
As eleições foram marcadas para 28 de julho, data de aniversário do ditador Hugo Chávez, antecessor de Maduro morto em 2013. Os partidos têm até 25 de março para registrar um candidato. El País afirma que, “salvo um milagre, María Corina não poderá estar nas cédulas.”
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Por isso, o temor de alguns é que se repita o que ocorreu em 2018, quando parte da oposição se recusou a participar das eleições para repudiar a ditadura venezuelana. Isso ocorreu depois que o Tribunal Supremo de Justiça impediu a participação do líder da oposição, Henrique Capriles, do Mesa da Unidade Democrática (MUD), único que tinha chances reais de vencer Maduro. Houve ainda a tentativa fracassada com o governo interino de Juan Guaidó, apoiado pela Casa Branca e pela Europa.
Políticos da oposição divergem sobre lançar candidatos nas eleições da Venezuela
O dirigente do Primeiro Justiça, Juan Pablo Guanipa, líder opositor respeitado, disse que o único caminho é o de María Corina. “O que precisamos fazer, opositores e sociedade civil, é dar um voto de confiança a María Corina Machado. Porque ela tem a legitimidade de ter sido eleita, temos de nos unir ao redor dela. Sem ela, não há sentido. O destino deste esforço está associado a ela. Devemos acompanhá-la e lhe dar o apoio fervoroso”, declarou ao El País.
Capriles, impedido de disputar as eleições em 2018, defende a apresentação de um substituto. “Claro que podemos apresentar uma opção. Não se trata de uma substituição, não diria que é um substituto. Quem ganhou as primárias foi María Corina, mas ela foi inabilitada de forma inconstitucional pelo governo, assim como eu. Mas temos de participar, apelar para a força do voto que pode mobilizar milhões de venezuelanos que querem uma mudança. Temos de apresentar e apostar em um candidato que possa participar da votação”, declarou ao jornal espanhol.
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Outro político da oposição, Luis Emilio Rondón, dirigente do Um Novo Tempo, disse que sua organização se sente obrigada a “impedir que nos tirem do caminho eleitoral”. “Em nossas fileiras está Manuel Rosales, um dos melhores candidatos disponíveis para ser presidente.”
Rosales é governador do Estado de Zulia, o mais importante do país, e não está mal posicionado nas pesquisas. Outra opção é Antonio Ecarri, líder do partido Aliança do Lápis. “Ter um só candidato é um erro tático e estratégico. A democracia se debilita com a abstenção e a polarização. Isso tornará mais complexo fazer qualquer tipo de mudança.”
Fonte: revistaoeste