Quase três anos depois de ter declarado que a covid-19 era uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu manter o nível de alerta máximo da pandemia, mesmo com a queda acentuada no número de casos e mortes.
A decisão foi informada nesta segunda-feira, 30, pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que se reuniu, na sexta-feira 27, com o Comitê de Emergência de Regulamentos Sanitários Internacionais para tratar do assunto.
Em nota, a OMS afirmou que o diretor-geral reconhece as opiniões do comitê de que a pandemia de covid-19 está em um ponto de transição e afirmou que, apesar de o cenário epidemiológico se mostrar melhor do que há um ano, durante o pico da variante Ômicron, o mundo registrou mais de 170 mil mortes pela covid-19 nos últimos dois meses, um ritmo ainda elevado, em comparação com outras doenças infecciosas respiratórias. Isso justificaria a manutenção do alerta máximo.
Em setembro do ano passado, durante entrevista coletiva, Ghebreyesus afirmou que “nunca estivemos em melhor posição para acabar com a pandemia” e afirmou que a pandemia estava perto do fim.
A OMS também informou nesta segunda-feira que, em todo o mundo, foram administrados mais de 13 bilhões de doses de vacinas contra a covid, e que aproximadamente 90% dos profissionais de saúde e 80% da população acima de 60 anos receberam as duas primeiras aplicações.
Para a OMS, porém, a cobertura vacinal é insuficiente em países de média e baixa renda. De acordo com a nota, “a fadiga pandêmica e a redução da percepção pública de risco levaram a uma redução drástica no uso de medidas sociais e de saúde pública, como máscaras e distanciamento social”. Segundo a organização, também há “disseminação contínua de desinformação” sobre as vacinas experimentais contra a covid.
Apesar disso, a organização reconhece que os níveis altos de imunidade da população — inclusive, a imunidade natural, adquirida em razão da própria doença, que reduziram significativamente os casos graves e mortes. No entanto, diz que “há poucas dúvidas de que esse vírus continuará sendo um patógeno estabelecido permanentemente em humanos e animais por um futuro previsível”.
Com a manutenção do alerta máximo, a OMS pede que os países continuem com medidas sanitárias contra a covid; que busquem a cobertura vacinal de 100% dos grupos prioritários com todas as doses de reforço indicadas; que aumentem o acesso também aos medicamentos aprovados; que continuem a financiar pesquisas sobre vacinas que consigam impedir a transmissão do vírus; e sigam relatando dados da doença e de sequenciamento genômico.
Fonte: revistaoeste