O médico brasileiro comandou o primeiro transplante de rim de um porco, geneticamente modificado, para um paciente humano vivo. A cirurgia inédita foi realizada em um hospital em Boston, nos . O resultado do procedimento foi divulgado nesta quinta-feira, 21.
O paciente escolhido foi Richard “Rick” Slayman, de 62 anos, que sofre de doença renal avançada, diabetes tipo 2 e hipertensão. Ele estava em diálise havia aproximadamente sete anos e concordou em ser voluntário, com a intenção de ajudar outros pacientes que também aguardam pelo procedimento.
Essa é a primeira vez que um transplante desse tipo foi feito em um paciente vivo. O procedimento, feito no Massachussets General Hospital, faz parte de uma pesquisa que estuda a possibilidade de transplantar órgãos de porcos para humanos.
A proposta da pesquisa é oferecer uma maior oferta de órgãos e salvar a vida de pessoas que precisam de um rim e abrir espaço para outras maneiras de tratamento que não sejam a hemodiálise. Segundo a equipe médica, o paciente se recupera bem.
“Toda semana, temos que retirar pacientes da lista de espera, porque ficam muito doentes para fazer um transplante durante a diálise”, disse Riella, em anúncio. “A disponibilidade oportuna de um rim poderia dar a oportunidade a milhares de pessoas de obterem um tratamento muito melhor para a insuficiência renal do que a diálise”
A pesquisa para o xenotransplante — termo utilizado para a implantação do órgão de animal em humano — vinha sendo desenvolvida havia cinco anos pelo hospital em parceria com a empresa eGenesis.
O transplante de órgãos suínos para pessoas é estudado há décadas. Os órgãos dos animais e dos humanos possuem estruturas semelhantes. No entanto, o maior desafio é a resposta do sistema imunológico, que pode rejeitar o tecido estranho.
A equipe de pesquisa conseguiu descobrir a modificação genética necessária para tornar o xenotransplante possível. No processo, foram retirados genes suínos que prejudicavam a resposta do corpo humano e foram acrescentados genes humanos.
Além disso, os cientistas inativaram retrovírus endógenos suínos no doador para eliminar qualquer risco de infecção.
De acordo com seu perfil no LinkedIn, Leonardo V. Riella se formou em medicina em 2003, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele fez residência em medicina interna na Brigham and Women’s Hospital (BWH), um hospital da Harvard Medical School.
Em seus anos de estudo, fez fellowship (programa de especialização) em nefrologia e transplante na BWH e no Massachusetts General Hospital Program, também na Harvard Medical School.
Atualmente, Riella é presidente do Harold and Ellen Danser e professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School. Além disso, é diretor de transplante renal do Massachusetts General Hospital e pesquisador sênior do Center for Transplantation Science.
Ele é membro associado do Broad Institute de Harvard e do MIT e editor associado e de seção do American Journal of Transplantation.
O médico atuou durante 16 anos no BWH, entre 2009 e 2020, passando pelos cargos de médico-cientista, médico associado e diretor-médico de transplante de tecido composto vascularizado. Desde então, atua no hospital onde realizou o transplante de rim de porco.
Riella tem mais de 160 publicações científicas em revistas importantes da área, incluindo New England Journal of Medicine, Circulation, Journal of Clinical Investigation, Journal of Immunology, Transplantation e American Transplant Journal.
O brasileiro recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio Jovem Inovador da Sociedade Americana de Transplante (AST), o Prêmio de Desenvolvimento de Carreira em Ciências Básicas de 2016 da AST e o Prêmio de Ensino do Corpo Docente de Harvard de 2020.
Fonte: revistaoeste