A principal líder opositora do regime de Nicolás Maduro, María Corina Machado, fez um alerta, nesta quarta-feira, 3, para a possibilidade dela ser presa pela atual ditadura venezuelana.
O comunicado, em tom de apelo, foi feito a um grupo de 18 países das Américas, da Europa e da África, que inclui o Brasil, e dizia respeito “fatos graves” relacionados às próximas eleições presidenciais, marcadas para 28 de julho.
“Atualmente, minhas equipes em todo o país correm o risco de desaparecimento forçado, e eu mesma poderia ser submetida a detenção injustificada”, disse Machado.
A carta foi enviada também para o alto representante da União Europeia para Relações Exteriores e a Política de Segurança, Josep Borrell.
Pelo Twitter/X, Machado divulgou sua iniciativa e realçou a importância de se preservar a liberdade de expressão na Venezuela, debatida na Conferência Internacional sobre o processo político na Venezuela, organizada pela Colômbia em 25 de abril de 2023. A mensagem foi para aqueles que participaram do evento.
“Continuaremos a insistir no nosso objetivo de alcançar eleições presidenciais livres e justas este ano, com o necessário apoio da comunidade internacional, no meio da situação premente que a Venezuela atravessa”, afirmou na rede social.
Machado está inabilitada pelo regime de Maduro para ocupar cargos públicos até 2036. Em seu lugar no pleito ela indicou, no último dia 22, a professora e filósofa Corina Yoris, de 80 anos.
Mas o regime de Maduro vetou a candidatura. Um dos argumentos era o de que Yoris estava impossibilitada de acessar o sistema automatizado do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Em lugar de Yoris foi inscrito “provisoriamente” o ex-embaixador Edmundo González Urrutia. Machado diz que continuará na defesa de “eleições livres”. Ela ainda espera que Yoris possa ser incluída na disputa até dez dias antes das eleições. Maduro, em julho tentará se perpetuar no poder com um terceiro mandato.
Para o professor Mário Machado, consultor em Relações Internacionais do Instituto Monitor da Democracia, a situação política no país justifica o alerta da opositora Machado.
“A ameaça dela ser presa é real, o regime e as eleições na Venezuela não são transparentes e a comunidade de países citados por ela deve proteger para que haja uma eleição que possa ter um nível mínimo de liberdade”, afirmou a .
“Para isso, deve haver a possibilidade de serem enviados observadores que possam, minimamente, se deslocar livremente, conversar com as pessoas”, ressaltou.
“Se tiverem observadores e eles permanecerem só onde o governo autorizar e permitir, aí ficará difícil.”
Acordo violado
Machado colocou em seu manifesto a importância do esforço máximo para que acordos sobre garantias eleitorais formalizados entre a principal aliança da oposição, a e o regime chavista de Maduro sejam “totalmente cumpridos”.
“Para isso, o acompanhamento desses países é crucial para que se possa avançar em um caminho pacífico, democrático, constitucional e eleitoral rumo a uma transição ordenada para a democracia e a liberdade”, enfatizou.
A ex-candidata considera que houve uma total violação dos acordos, assinados em outubro, e responsabilizou Maduro pelas obstruções em permitir que a oposição escolha livremente o seu candidato.
Fonte: revistaoeste