Franceses preparam mobilizações para esta quinta-feira, 19, contra a reforma da previdência apresentada pelo governo do presidente Emmanuel Macron. Sistemas de transporte – como trens, linhas de metrô e voos – serão afetados pela série de greves, que têm o objetivo de barrar o aumento da idade para aposentadoria.
A maior parte dos franceses se opõe ao plano do governo, segundo pesquisas de opinião. A reforma aumentaria a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos e a exigência de um mínimo de 43 anos de contribuição para ter direito à pensão completa a partir de 2027.
Desde que passou a ocupar o cargo como presidente, em 2017, Macron quer alterar as regras de aposentadoria. Ele argumenta que a medida é necessária para reabilitar as contas públicas e ter recursos para investir em outras prioridades.
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Os sindicatos pediram aos trabalhadores para abandonar os postos de trabalho no dia 19 de janeiro e sair às ruas em todo o país. O governo disse que vai se manter firme e pediu aos trabalhadores que não façam a paralisação.
Os oito principais sindicatos da França esperam que milhões de pessoas ocupem as ruas e façam greve. “Há anos não víamos tal mobilização”, disse o secretário-geral do sindicato Força Operária, Frédéric Souillot, à rádio francesa RFI.
Além do transporte, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), o maior sindicato do país, ameaçou cortar a eletricidade de parlamentares e bilionários e anunciou que vai suspender atividades de quinta-feira até a manhã de sexta-feira 20. O setor bancário também vai entrar em greve, bem como sindicatos de caminhoneiros – que vão ficar paralisados por tempo indeterminado.
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A greve desta quinta-feira ainda não tem previsão de término. A data escolhida ocorre quatro dias antes da aprovação da reforma pelo Conselho de Ministros da França.
Para garantir sua aprovação, o partido governista, que perdeu a maioria absoluta nas eleições de junho do ano passado, multiplicou nas últimas semanas as discussões com o partido de oposição Os Republicanos, de direita, que é a favor da reforma.
A última paralisação desse tamanho na França ocorreu em 2010, quando Nicolas Sarkozy aumentou a idade de aposentadoria de 60 para 62 anos. O metrô, um dos principais transportes do país, ficou fechado por três semanas, mas o presidente acabou saindo vitorioso.
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Macron considera que a reforma é essencial para o país, e só não a implementou no primeiro mandato, do meio de 2017 ao meio de 2022, por causa da pandemia. Ele, contudo, mais de uma vez já se viu encurralado por grandes movimentos sociais, como os gilets jaunes, ou coletes amarelos, que tomaram as ruas em 2018 contra o aumento do preço dos combustíveis. Resta ver se o presidente tem força política suficiente para sustentar a tão almejada reforma previdenciária.
Fonte: Veja