O almirante holandês Rob Bauer, presidente do comitê militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), disse que a aliança se prepara para um conflito com a Rússia.
“A população civil deve se preparar para o fato de que uma guerra poderá eclodir com a Rússia nos próximos 20 anos”, afirmou o militar, segundo o site da entidade, em declarações dadas na quarta-feira 17 e na quinta-feira 18. “Devemos compreender que a nossa existência pacífica não é um dado adquirido e é por isso que devemos nos preparar para um conflito com a Rússia.”
O presidente do comitê militar da Otan esclareceu que essa preparação não significa necessariamente que haverá um conflito. Mas, segudo ele, é preciso que o bloco esteja atento.
“Não estou dizendo que dará tudo errado amanhã, mas temos que perceber que não é certo que estaremos em paz”, afirmou em entrevista coletiva. “É por isso que estamos nos preparando para um conflito com a Rússia e com os grupos terroristas.”
Foi nesse contexto que ele fez a ressalva.
“Embora o mundo possa ter sido excessivamente otimista em 2023, é importante que em 2024 não nos tornemos excessivamente pessimistas.”
Segundo Bauer, a Otan não quer o conflito, mas não irá recuar caso seja atacada.
“As placas tectônicas do poder estão mudando”, declarou o holandês. “E como resultado: enfrentamos o mundo mais perigoso das últimas décadas.”
Vários meses de treinamento
Bauer concordou com a postura do governo da Suécia ao pedir que a população se prepare para uma guerra. “Começa aí”, disse. “A compreensão de que não é possível se planejar para tudo e que nem tudo vai ser moleza nos próximos 20 anos.”
As falas de Bauer ocorreram antes do desde 1988, época em que a Guerra Fria [tensão entre o Ocidente e o leste europeu] ainda não havia se encerrado. Iniciada em 1947, ela ainda se estenderia até 1991, quando a União Soviética se desintegrou.
A Otan anunciou, no início da semana, que realizará um treinamento de vários meses, com 90 mil soldados. É o maior exercício do bloco desde 1988.
Ao elogiar a resistência da Ucrânia aos ataques da Rússia, iniciados em 24 de fevereiro de 2022, Bauer observou que a ameaça russa decorre do desejo de impor um regime autoritário em toda a Europa.
“Esta guerra [contra a Ucrãnia] nunca foi sobre qualquer ameaça real à segurança da Rússia vinda da Ucrânia ou da Otan”, observou o militar. “Esta guerra é sobre a Rússia temer algo muito mais poderoso do que qualquer arma física na terra: a democracia.”
As manobras vão durar até maio. Terão a participação dos 31 países da Otan e da Suécia, que já declarou sua intenção de ingressar no grupo.
“Nunca antes os planos da Otan e de defesa nacional [dos países] estiveram tão estreitamente interligados”, acrescentou o almirante. “Isto moldará as nossas forças armadas nas próximas décadas. Os aliados estão agora a trabalhar ativamente para maximizar a execução destes novos planos de defesa.”
Fonte: revistaoeste