A depressão foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “mal do século 21”. E, para tratar o problema, há uma quantidade imensa de métodos que vão desde terapia medicamentosa à acupuntura. Recentemente, no entanto, um novo estudo divulgado por cientistas norte-americanos revelou que a cetamina, um “anestésico dissociativo”, é tão eficaz quanto o a terapia eletroconvulsiva (ECT) para tratar da depressão.
Os pacientes estudados relataram uma melhora quase imediata na qualidade de vida depois que iniciaram a terapia com cetamina ou ECT. Porém, eles relataram também alguns efeitos colaterais, como falta de memória e náusea em ambos os tratamentos.
Sanjay Mathew, psicofarmacologista do Bauylor College of Medicine, nos EUA, disse: “Estatisticamente, foi uma descoberta robusta mostrando que a cetamina não era inferior à ECT. Este estudo pode dar aos médicos e pacientes a confiança de que a cetamina é uma alternativa razoável e segura à ECT, pelo menos para o tratamento de curto prazo da depressão não psicótica resistente ao tratamento”.
A longa vida da terapia eletroconvulsiva
Por quase 80 anos, a ECT manteve-se como o tratamento padrão ouro para depressão grave que não responde a outros tratamentos ou terapias medicamentosas. Assim, a cetamina, dada a sua eficiência, tornou-se o primeiro concorrente real da ECT.
Tradicionalmente, o “anestésico dissociativo” tem sido usado em ambientes clínicos para fins de sedação e alívio da dor, porque leva os enfermos a um estado de euforia semelhante ao transe. Porém, a substância psicoativa também apresentou potencial de trazer benefícios notáveis para a saúde mental.
Uma descoberta notável
Uma infusão de baixa dose de cetamina administrada por aproximadamente 1 hora pode trazer alívio dos sintomas de depressão por várias semanas. De acordo com o artigo publicado no periódico científico NEJM, trata-se de uma descoberta notável, visto que muitos antidepressivos levam cerca de um mês para fazer efeito.
Os resultados iniciais com tratamento à base de cetamina foram tão promissores que, em 2019, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o uso de um spray do medicamento para pessoas com depressão intratável que apresentavam ímpetos suicidas crônicos.
As terapias à base de ECT requerem anestesia geral, enquanto as injeções de cetamina levam apenas 40 minutos e podem ser administradas com o paciente perfeitamente acordado.
O artigo completo foi publicado no periódico científico NEJM.
Fonte: revistaoeste