Padres e bispos católicos, da ala conservadora da Igreja Católica, aquela a que pertencia Bento 16, deram início a uma reação contra o depois da decisão de liberar uma “bênção pastoral” a casais irregulares, o que inclui os homossexuais, poligâmicos e divorciados.
+ no site da Revista Oeste.
Artigos contra o documento Fiducia supplicans, divulgado há duas semanas, já foram publicados e algumas dioceses e paróquias anteciparam não vão seguir a orientação papal. A reação vem principalmente de religiosos conservadores, que seguem a linha de Bento 16, cuja morte completa um ano neste domingo, 31.
Cardeal alemão diz que bênção liberada por Francisco é um ‘sacrilégio’
O cardeal conservador alemão Gerhard Müller, em um artigo publicado no site católico norte-americano , afirmou que o padre que abençoar casais “irregulares” vai cometer um ato de sacrilégio e de blasfêmia.
“Não se trata de abençoar as pessoas que ‘vivem numa união que não pode de forma alguma ser comparada com o casamento’, mas de abençoar a própria união que não pode ser comparada com o casamento”, escreveu, citando trecho do documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado por Francisco.
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O cardeal também afirmou que Deus não pode enviar “sua graça a uma relação que lhe é diretamente oposta”. “Se essa bênção fosse dada, o seu único efeito seria confundir as pessoas que a recebem. Eles pensariam que Deus abençoou o que ele não pode abençoar”, escreveu.
Ele acrescentou que o critério de bênção sugerido pelo papa poderia ser estendido também a “uma clínica de aborto ou a um grupo mafioso”.
Na África, bispos não vão permitir bênção a casais homossexuais
Outra reação negativa veio da África. A maioria dos bispos da Zâmbia e do Maláui anunciou que não permitirá que os padres façam a bênção a casais do mesmo sexo.
No Malawi, nove dos 12 bispos e arcebispos assinaram uma nota de esclarecimento afirmando que as bênçãos de “uniões do mesmo sexo de qualquer tipo não são permitidas” no país. Na Zâmbia, 12 dos 17 bispos assinaram documento semelhante.
No Cazaquistão, o documento de foi rejeitado, e na Ucrânia os religiosos fizeram críticas contundentes ao texto.
Resistencia a Francisco cresce nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, as críticas ao papado liberal de Francisco são antigas. Em razão da resistência, lideranças conservadoras perderam seus cargos. É o caso do bispo Joseph Strickland, da diocese de Tyler, no Texas, demitido por Francisco em novembro.
Logo depois, a imprensa italiana revelou que o cortaria o salário e o aluguel em Roma pagos ao cardeal Raymond Burke, crítico contumaz de Francisco, lembrou a Folha de S.Paulo.
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O professor de teologia histórica da Universidade de Villanova (EUA) Massimo Faggioli disse que Bento 16 deixou muitos seguidores entre bispos, jovens padres e teólogos, “mas no nível eclesiástico não deixou um herdeiro”. “Existem algumas vozes que querem ter essa função de herdeiro de Bento 16, mas que não têm a mesma credibilidade dele”, afirmou à Folha.
Francisco já está à frente do cargo há dez anos. Nesse período, dos 134 cardeais que têm possibilidade de votar, por terem menos de 80 anos, 97 foram indicados pelo argentino, 28 pelo Bento 16 e nove por João Paulo 2º.
Morte de Bento 16 completa um ano
Bento 16 faleceu aos 95 anos, no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, que ele escolheu para morar depois de renunciar ao cargo de papa em 11 de fevereiro de 2013.
Mais de 200 mil fiéis foram ao velório do papa emérito. O funeral ocorreu em 5 de janeiro, na Praça São Pedro, lotada com 50 mil pessoas. Cerca de 130 cardeais, 400 bispos e quase 3,7 mil padres participaram da celebração.
Fonte: revistaoeste