As relações diplomáticas entre Brasil e Nicarágua atingiram seu ponto mais baixo nesta quinta-feira, 8, quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu expulsar a embaixadora nicaraguense do país.
O ato foi uma resposta à expulsão do embaixador brasileiro pela ditadura de Daniel Ortega. Apesar de uma longa história de proximidade, as relações entre Ortega e Lula têm se deteriorado desde o ano passado.
Os laços entre Lula e Ortega remontam a 1979, quando Lula era líder sindical e Ortega liderava a Frente Sandinista de Libertação Nacional. Lula participou das celebrações do aniversário da Revolução Sandinista em 1980.
Apesar de manterem boas relações durante a primeira onda de governos de esquerda na América Latina, a situação mudou quando Ortega adotou uma postura cada vez mais autoritária, semelhante ao que ocorre na Venezuela do ditador Nicolás Maduro.
Assim como ocorre agora com a ditadura chavista, a diplomacia do governo Lula evita críticas a Ortega.
Entenda o que desgastou a relação de Lula e ditador da Nicarágua
Dois eventos foram cruciais para o desgaste das relações: a expulsão de opositores nicaraguenses, a quem o Brasil ofereceu abrigo, e a prisão do bispo Rolando Álvarez.
Durante a campanha eleitoral, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a amizade entre Lula e Ortega para confrontar o petista. Na ocasião, Lula chegou a dizer que Bolsonaro era “infinitamente pior” que Ortega, comparando os mandatos do ditador com os de Angela Merkel na alemanha.
“Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não?”, questionou Lula, na ocasião. “Qual é a lógica?”
A Nicarágua retirou a nacionalidade de mais de 300 cidadãos, incluindo antigos companheiros de Ortega, em fevereiro de 2023.
Em março do mesmo ano, o Brasil ofereceu abrigo a opositores nicaraguenses durante uma reunião do conselho de Direitos Humanos da . Poucos dias depois, a embaixadora nicaraguense no Brasil foi destituída sem explicações.
Paralelamente, o bispo Rolando José Álvarez Lagos foi condenado a 26 anos de prisão por “traição à pátria”, o que provocou críticas do Vaticano e do papa Francisco, que chamou Ortega de “desequilibrado” e disse que o país é uma “ditadura grosseira”.
Em junho daquele ano, durante uma viagem ao Vaticano, o papa pediu a Lula que intercedesse com Ortega; o petista afirmou que o faria. Recentemente, o presidente brasileiro disse que o ditador nicaraguense nunca atendeu as suas ligações.
Mais recentemente, Ortega expulsou o embaixador brasileiro Breno de Souza Brasil Dias da Costa por ele não ter comparecido à celebração dos 45 anos da Revolução Sandinista.
Nesta quinta-feira, o governo petista, em um gesto de reciprocidade, também expulsou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu.
Fonte: revistaoeste