Alexei Navalny, de 47 anos, morreu nesta sexta-feira, 16, em uma prisão de segurança máxima de Kharp, na Sibéria. O ativista russo era o principal líder da oposição ao governo de Vladimir Putin.
De acordo com o , Navalny morreu depois de uma caminhada, quando desmaiou e perdeu a consciência.
A mãe de Navalny, Lyudmila Navalnaya, disse ao jornal russo Novaya Gazeta que o filho estava “vivo, saudável e feliz” em 12 de fevereiro, data em que tiveram contato pela última vez.
De acordo com a publicação, Lyudmila acrescentou que não gostaria de ouvir “nenhuma condolência” em relação à morte do filho. O desabafo dela foi publicado nesta sexta-feira.
O ativista russo parecia bem e alegre ao prestar depoimento on-line na quinta-feira 15. Na oitiva, Navalny riu e fez piadas sobre o esgotamento de seus recursos e sobre o salário do juiz durante a audiência.
Navalny ganhou destaque por satirizar a elite em torno de Putin. Ele também acusava o governo russo de corrupção.
Em 25 de dezembro, a sua porta-voz, Kira Yarmysh, informou que Navalny havia falado com o seu advogado de dentro da prisão de Yamal-Nenets, na região ártica da Rússia. A penitenciária fica a cerca de 1,9 mil quilômetros de Moscou.
“Alexei é o principal rival de Putin, embora o seu nome não esteja nas urnas”, disse Yarmysh à agência Associated Press. “Eles farão tudo o que puderem para isolá-lo.”
Ele estava desparecido desde 6 de dezembro de 2023, o que fez o governo dos Estados Unidos manifestar profunda preocupação com o bem-estar de Navalny. O país norte-americano atribuiu às autoridades russas a responsabilidade pelo opositor.
Castigos na prisão
Durante toda a sua pena de prisão, Alexei Navalny quase nunca foi libertado da cela de punição. De acordo com o Novaya Gazeta, o ativista sofria penalidades “selvagens e absurdas”.
A partir de agosto de 2022, Navalny esteve em celas de castigo 27 vezes, por mais de 300 dias. Os motivos variavam: desde um botão desabotoado na camisa até o fato de não ter colocado imediatamente as mãos atrás das costas, quando abordado por policiais.
Sem assistência médica, Navalny foi de colônia em colônia até o extremo norte, onde vivia em exílio, sem receber notícias nem correspondências.
Segundo a publicação, os advogados não podiam se comunicar com Navalny nem transferir ao cliente os documentos necessários para as audiências judiciais.
Antes das celas de punição, Navalny permaneceu na colônia penal, onde os prisioneiros recebiam a instrução de ignorá-lo.
Depois de retornar do hospital, onde acabou em greve de fome, Navalny não teve permissão para dormir. À noite, a cada duas horas, as autoridades da colônia o acordavam e classificavam o ativista como “propenso a fugir”.
Colônia de segurança máxima em Melekhovo
Em 12 de agosto de 2022, Navalny foi para uma cela de castigo pela primeira vez em três dias, sob o pretexto de um botão desapertado. De lá para cá, quase não viu a luz do sol.
De acordo com a lei, um preso não pode ir a uma cela de castigo por mais de 15 dias. No entanto, as administrações das colônias contornam essa restrição: libertam o prisioneiro depois de o fim da pena, constatam uma violação no mesmo dia e, no dia seguinte, o levam de volta para a ala de isolamento.
Médicos russos haviam enviado uma carta aberta a Putin. Na comunicação, os profissionais pediam para que parassem com o “abuso” contra o prisioneiro.
Fonte: revistaoeste