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Como a Coca-Cola lidou com a Segunda Guerra Mundial em seu anúncio histórico

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Havia poucos recursos disponíveis para a produção de Coca-Cola em 1940 na Alemanha, que àquela altura o segundo maior mercado da empresa fora dos EUA. Max Keith, dono da filial alemã, quebrou a cabeça para atender à demanda . Até que tomou uma decisão: fabricar uma nova bebida, com os ingredientes que estivessem disponíveis.

Keith, então, usou como base o soro da proteína do leite (um subproduto da fabricação de queijo) e fibra de maçã (um subproduto da fabricação de cidra, comum na Alemanha). E, claro, foi atrás das frutas mais facilmente encontradas no momento: laranja e uva. Nascia assim a Fanta, a segunda marca mais antiga da Coca-Cola.

Essa é a história contada em uma propaganda alemã de 2015, que celebrou o 75º aniversário do refrigerante laranja. A campanha, que tinha como mote os “Good Old Times” (“Os Bons Velhos Tempos”, em português), anunciava o lançamento de uma nova fórmula de Fanta, menos doce e mais próxima da receita original. Além disso, a bebida viria em uma garrafa de vidro, com o antigo logo do refri. Nostalgia pura.

Mesmo que o seu alemão não esteja lá essas coisas, dá para assistir ao comercial e conferir o produto retrô:

Tudo certo. Só tem um problema: os “velhos tempos” da propaganda coincidem com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A escassez de matéria-prima para a produção de Coca-Cola não aconteceu devido a algum problema no transporte ou evento climático. Foi a guerra que isolou a Alemanha da maioria de suas importações, já que os EUA, mesmo antes de entrarem ativamente no conflito, impuseram um embargo comercial ao país para limitar os recursos de Hitler e cia..

A Fanta foi um sucesso instantâneo. Keith foi convidado para integrar o Partido Nazista, mas recusou. Sua fábrica, porém, usou mão de obra escrava durante a guerra, especialmente nos últimos anos do conflito.

Pouco tempo após a veiculação da propaganda de 2015, a Coca-Cola pediu desculpas por omitir a verdade sobre a origem da Fanta. A bebida é, até hoje, bastante consumida na Alemanha (foi lá, inclusive, que inventaram também a Sprite, em 1959, nascida a partir de um sabor de limão da Fanta).

Esse caso ilustra como diversas marcas que existem até hoje tiveram relações com o regime nazista, em diferentes graus: as alimentícias Nestlé e Dr. Oetker, a montadora BMW, a grife Hugo Boss… Você pode ler mais sobre essas histórias nesta reportagem da Super.

Fonte: abril

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo