A Super surgiu em 1987, numa época em que o mercado editorial passava por uma transição: parte do trabalho já rolava no computador, mas o grosso ainda era feito no braço.
Os diagramadores recebiam o texto impresso em folhas de tamanho-padrão chamadas de “laudas”, digitados já com a fonte e o tamanho certos (tipo Arial 12) em máquinas de escrever ou em um PC pré-histórico.
As laudas eram impressas e cortadas em quadrados e retângulos: um para o título da matéria, outro para a linha-fina e assim por diante. A equipe distribuía esses papeizinhos em cima de um papel-cartão que continha o grid (“grade”): linhas-guia para a diagramação da revista, que delimitam margens e colunas.
Esse processo era conhecido como paste-up: os designers colavam os nacos de texto e deixavam espaços reservados para fotos e ilustrações, que eram tratadas separadamente.
Para consertar erros ortográficos ou textos que excediam o tamanho da página, era quase como uma cirurgia: com um estilete (ou bisturi), fazia-se uma incisão no papel-cartão, cortando letra por letra, palavra por palavra, para consertar o deslize – e rearranjar o layout.
A equipe, então, enviava a arte-final das páginas para a gráfica. Lá, cada página era fotografada com filme analógico, e o filme depois era gravado em chapas de metal ou cilindros de cobre: as matrizes de impressão das revistas.
A essa altura, você talvez tenha sacado que todo esse processo, além de trabalhoso, também deixava a diagramação um tanto engessada. Normal: era uma limitação técnica da época, que fazia com que as páginas fossem mais quadradonas, sem grandes transgressões em relação ao grid original.
Nos anos 1990, surgiram os softwares que usamos até hoje, como o Adobe Photoshop (para edição de imagem) e o Adobe Indesign (para organização das páginas). Eles permitiram diagramações mais livres, com novos recursos gráficos e texto e imagem mais integrados. Foi quando se popularizaram os infográficos – algo que nós aqui da Super adoramos fazer.
Pergunta de Paulo Sérgio Junior, via e-mail
Fontes: Como Nasce uma Revista (1989) e A Revista no Brasil (2000), da Editora Abril. Vídeo “The Lost Art of Paste-Up”, da London Review of Books.
Fonte: abril