Após a estreia do o status de relacionamento e os casos de relacionamento aberto dos participantes chamou a atenção do público. Afinal, queremos assistir as tretas, os flertes, romances, e observar de perto (e com muito julgamento) a maneira como se comportam na casa mais vigiada do Brasil.
Nessa edição a maioria dos participantes está solteiro. Portanto, espera-se muita “pegação” e novos pares românticos, certo?
Mas, e quando o status dos participantes é: relacionamento aberto como é o caso dee , o que esperamos assistir e ouvir em termos de comportamento?
O aumento pela procura por relacionamento aberto
O assunto ainda é tabu, gera polêmica e desperta muita curiosidade. Cada vez mais as pessoas estão repensando as formas de se relacionar dentro e fora da monogamia, principalmente os mais jovens.
Um estudo desenvolvido nos Estados Unidos pelo Instituto Universitário Europeu, mostrou que entre 4% e 9% dos adultos americanos estavam envolvidos em algum tipo de aberta em 2020.
No Brasil, as pesquisas pela pergunta “o que é relacionamento aberto?” aumentaram 70% nos últimos doze meses, enquanto a busca por “relacionamento aberto significado” cresceu 300%.
Esse aumento no interesse e curiosidade por relacionamentos abertos se dá também porque existe uma explosão de criadores de conteúdo, pessoas escrevendo e falando sobre no mídia, estudando e dividindo suas experiências em aplicativos, e também em encontros comunitários.
Como é um relacionamento aberto e como funciona?
Já sabemos e é um consenso que a monogamia é uma construção histórica e social e que independente do conceito ela funciona para muitas pessoas e casais.
Na monogamia há um contrato fácil de entender, aceitar e praticar porque ele foi disseminado desde que o mundo é mundo e até bem pouco tempo atrás esse modelo sequer era questionado.
E está tudo bem se funciona pra você, para sua relação e faz o casal mais feliz nesse “que seja eterno enquanto dure.”
Qual é o sentido de um relacionamento aberto?
Porém, é importante salientar também que muitas pessoas ainda estão reproduzindo um modelo de relação que não a satisfazem nem emocionalmente, nem sexualmente. Por consequência, acabam adoecendo e vivendo infelizes por medo do julgamento do próprio parceiro(a) e da sociedade.
Passam anos sem falar das suas reais vontades, necessidades e desejos, negligenciando a si e enfraquecendo o vínculo dessa relação.
Exatamente por isso precisamos desconstruir o tabu sobre o tema e entender que o modelo que serve para um casal não necessariamente se encaixa na vida de outro, mas principalmente precisamos aceitar que não existe um jeito certo ou errado de se relacionar.
Da mesma forma que qualquer casal, pode independente da idade ou do tempo que estão juntos, rever e repensar esse contrato em qualquer momento da relação.
Até porque as pessoas mudam, amadurecem, descobrem novos valores e significados para suas vidas e isso precisa ser compartilhado com seu parceiro para seguir ou (re)construir uma relação com mais , bem estar , conexão e significado.
Desde que a sociedade começou a se abrir e questionar as relações tidas como tradicionais ou ideais, trouxe a tona práticas que também acontecem na (pseudo) monogamia e repensou a dinâmica dos relacionamentos construindo novos formatos e contratos não tão óbvios, mais complexos, modelos e possibilidades no que hoje chamamos de não-monogamia.
O que é a não-monogamia?
Ela é considerada um termo guarda-chuva que define formas de relacionamento íntimo que se opõe a monogamia.
Isso quer dizer que ela não se baseia na exclusividade afetiva e entre os parceiros – princípio básico da monogamia.
As pessoas podem se conectar romântica e sexualmente ao mesmo tempo com várias pessoas diferentes. De forma mais ampla é o relacionamento aberto, amor livre, poliamor e esses termos estão relacionados ao leque da não monogamia.
As regras do relacionamento aberto
Isso não significa que a não monogamia é uma bagunça ou uma festa constante. Pelo contrário, ela tem regras e acordos que precisam ser respeitados como em qualquer outro modelo de relação.
Acredito que a principal delas e que também deveria valer para todos os relacionamentos é a honestidade na comunicação.
Porém, não vamos romantizar. Afinal, comunicar nossos sentimentos para o outro é muito difícil, principalmente de forma clara, gentil e sincera. Diria que é tão difícil quanto entender o que estamos sentindo pelo outro e o que ele desperta em nós.
Como ter um relacionamento saudável?
O tripé de qualquer relação saudável é o respeito, a comunicação e a confiança. Esse tripé também se apresenta nas relações não monogâmicas.
É preciso respeito à singularidade de cada indivíduo na relação, ao pacto estabelecido entre os envolvidos, aos limites pré-estabelecidos e a responsabilidade afetiva nessa permissão para entender inclusive quando acontece ou não uma em uma relação aberta.
Por outro lado, a comunicação em qualquer relacionamento é um desafio e acredito, pelo que percebo na vida e na prática clínica, um desafio constante nas relações abertas.
Desta forma, é preciso compreender e comunicar os anseios que envolvem a entrega física e emocional a um terceiro na relação. Como lidar com o ciúme, apego, insegurança e ao mesmo tempo acolher e abrir espaço para o desejo do outro.
Confiança em si e no outro para lidar com a liberdade que esse status trás: aberto.
Difícil né!? Muito! Qualquer relação é. Seja aberta ou fechada, se relacionar da muito trabalho e exige muito investimento emocional, amadurecimento e autoconhecimento para fazer dar certo e crescer nessa relação de forma saudável.
Relatos clínicos
No consultório, com frequência o desejo por uma relação aberta surge como uma opção para “salvar” um relacionamento que já está desgastado, em crise ou caminhando para o fim.
Um dos parceiros na maioria das vezes abre mão de seus limites e autorrespeito para tentar manter o outro ao seu lado. Essa opção quando vem atravessada, acaba sendo um ato de auto violência para agradar ou manter o outro em detrimento a minha vontade.
Nesse momento a receita da confusão ou fracasso já está dada para a abertura de uma relação não monogâmica.
Uma relação aberta funciona quando a respeito à si, acolhimento ao seu próprio desejo e afeto para então estender liberdade com o outro e todos que estarão envolvidos nessa relação.
Se a monogamia é uma construção social a não monogamia seria um manifesto de liberdade que está em constante construção no desafio das impermanências afetivas e que na prática lida com muitas limitações para acontecer de forma genuína com autonomia afetiva e solidez para mantermos nossa identidade e autenticidade.
Porque não podemos fazer para o outro sem sermos primeiro para nós.
Porque só assim colocaremos nossa inteireza romântica ou sexual onde entendermos e com quem ou quantas pessoas seremos felizes enquanto esse lugar de permanência fizer sentido.
Sobre a colunista
Camila Custódio é idealizadora do Consultório Emocional – @consultorioemocional nas redes sociais. Além disso, Camila é Assistente Social, Terapeuta de Família e Casal, Terapeuta Relacional Sistêmica, Psicanalista e Coach. Além disso, é Especialista em Gestão da Emoção e Consultora em Desenvolvimento Humano.
Escreve sobre saúde emocional, relacionamento e empoderamento feminino para sites, revistas e blogs. Atende pacientes online de todo o Brasil e do exterior.
Fonte: fashionbubbles