A , maior produtora mundial de celulose de eucalipto, acaba de adquirir 15% da Lenzing, uma empresa austríaca especializada em celulose solúvel e tecidos. Esse movimento marca a entrada definitiva da Suzano no setor têxtil global. A compra foi assinada na terça-feira 11.
De acordo com o jornal Valor Econômico, a transação prevê um pagamento de € 229,9 milhões (R$ 1,3 bilhão) no fechamento do negócio, esperado para o último trimestre deste ano, depois das aprovações necessárias. A Suzano utilizará recursos próprios na transação.
A companhia brasileira poderá indicar dois membros no conselho de administração da Lenzing, composto de 11 membros. Além disso, a Suzano tem a opção de adquirir mais 15% da Lenzing até o fim de 2028. Dessa forma, a produtora de papel pode se tornar a maior acionista da empresa austríaca, atualmente controlada pela fundação B&C, com 52,25% das ações.
Com a venda inicial de 15%, a B&C continuará com o controle da Lenzing, com 37,25% das ações. A Suzano pagará € 39,70 por ação, um valor 23% acima da cotação de € 32,30, no fechamento da terça-feira.
Marcelo Bacci, diretor de finanças, relações com investidores e jurídico da Suzano, afirmou que o preço reflete a média das cotações durante o período de negociação de dois anos.
“A Suzano sempre acreditou nessa vertical, mas ainda não tinha presença”, disse Bacci ao Valor. “E avalia que, da mesma forma que a competitividade da fibra de eucalipto é transferida para papéis de imprimir, tissue e papel cartão, isso pode ser feito na vertical têxtil.”
Suzano tem investido em empresas do setor têxtil
Antes da aquisição da Lenzing, a Suzano já havia investido na startup finlandesa Spinnova, que desenvolveu uma fibra têxtil sustentável a partir de celulose microfibrilada. Juntas, as empresas criaram a joint venture Woodspin e construíram uma fábrica na finlândia, com um investimento de € 50 milhões.
A Lenzing, com nove fábricas espalhadas pelos Estados Unidos, Europa, Ásia e Brasil, é uma das maiores produtoras de viscose do mundo. No Brasil, é sócia da Dexco na LD Celulose, que produz celulose solúvel no Triângulo Mineiro e fornece matéria-prima para outras fábricas.
O mercado de fibras têxteis de celulose, que cresceu 3% em 2023, ainda é dominado por fibras sintéticas, mas tem visto um aumento na demanda por causa do apelo sustentável e custos competitivos. A Lenzing, com marcas como Tencel, se destaca globalmente pela inovação e carteira de clientes formada por grandes marcas de consumo.
Bacci destacou que a entrada inicial no capital da Lenzing permitirá à Suzano aprender mais sobre o setor e decidir sobre os próximos passos. Os resultados da Lenzing serão reconhecidos no balanço da Suzano via equivalência patrimonial.
“É um mercado no qual a gente acredita e, com esse negócio, temos mais uma opção de entrada”, afirmou Bacci.
Fonte: revistaoeste