Sophia @princesinhamt
Food

Paola Machado – Gera compulsão? Afeta o comportamento? O que o açúcar faz no seu corpo

2024 word2
Grupo do Whatsapp Cuiabá

Quando eu comia açúcar, era totalmente dependente. Trocava refeições por doces, bebia latas e mais latas de leite condensado (sim, fazia dois furos nelas e tomava). Buscava doces igual a uma formiga. Percebi que não tinha um comportamento consciente quando se tratava de doce e resolvi reduzir.

Que fique claro, esse é um relato totalmente individual e não estou dizendo que o açúcar deixa todo mundo assim. Mas é inegável que o consumo excessivo do alimento não é saudável.

Por que algumas pessoas podem ter essa fissura por doces, como eu tinha?

Todos os tipos de açúcar são convertidos em energia que suporta atividades diárias e funcionamento do organismo. O açúcar (glicose) é a principal fonte de combustível para o cérebro. Quando você consome alimentos doces, o sistema de recompensa no cérebro é acionado pela liberação de . A dopamina é um hormônio do “bem-estar” que continua o ciclo de motivação, recompensa e reforço. Até mesmo o simples ato de pensar em comer um doce pode desencadear a liberação de dopamina.

Antes de continuar, é importante observar que carboidratos são necessários na dieta; no entanto, escolher carboidratos complexos como frutas, vegetais e grãos integrais é preferível a selecionar açúcares simples (doces, guloseimas etc).

Um estudo publicado na Evolution and Human Behavior sugere que o açúcar que você coloca no café, em sobremesas ou o presente em refrigerante ativa um caminho baseado na evolução humana, que estimula o comportamento de busca por comida, uma resposta que pode levar a problemas comportamentais.

A estimulação ocasional da procura por alimento provavelmente não é um problema, da mesma forma que alguns momentos de estresse não têm efeitos de longo prazo no corpo. Entretanto, quando há sobrecarga, torna-se um problema crônico.

Segundo os pesquisadores, a alta ingestão de açúcar pode disparar uma reação em cadeia de desejos, impulsividade e agressividade e, quando estes se combinam, aumentam o risco de desafios comportamentais. A questão não é apenas alimentos açucarados, mas também carboidratos simples (pão, massas), com alto índice glicêmico.

Isso pode levar à dessensibilização de respostas agradáveis e possível . Geralmente fazendo com que as pessoas precisem de mais estimulação apenas para atingir sua linha de base anterior. Isso significa mais açúcar apenas para voltar ao “normal”.

Saúde em risco

Estudos recentes sugerem que existe uma ligação entre o excesso de açúcar e o desenvolvimento da , um grupo de fatores de risco que pode aumentar a probabilidade de desenvolver vários problema graves, incluindo doenças cardíacas, derrame () e .

Uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association concluiu que a taxa de síndrome metabólica está aumentando em todas as faixas etárias e até metade dos adultos com mais de 60 anos tem a doença. Porém, o problema está aumentando mais rapidamente em pessoas mais jovens e os pesquisadores observaram que houve um aumento de 5% nos últimos cinco anos entre as pessoas de 20 a 39 anos.

Além disso, não é novidade para ninguém que o consumo excessivo de açúcar favorece o sobrepeso e a , condições que aumentam a cada ano no mundo todo e aumenta o risco de ter vários problemas de saúde —de diabetes a câncer.

Como reduzir o consumo de açúcar

  • Consuma mais frutas inteiras, que são “doces saudáveis” e têm vitaminas, minerais e fibras, que retardam os efeitos do açúcar no organismo;
  • Adicione mais proteína em refeições e lanches, para ficar saciado e inibir o desejo por açúcar;
  • Leia atentamente os rótulos dos alimentos, familiarize-se com os vários nomes do açúcar e escolha alimentos que contenham a menor quantidade de açúcar adicionado;
  • Não tome bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes e sucos –prefira a água;
  • Sirva porções menores de doces e alimentos açucarados que você goste;
  • Evite oferecer doces como recompensa. Tente “nivelar o campo de jogo” para que os alimentos açucarados percam o brilho.

É fácil perder a noção de quanto açúcar você está consumindo, especialmente porque as circunstâncias difíceis (estresse, ) tornam tentador buscar nossos doces favoritos. Apenas esteja atento aos seus hábitos alimentares, preste atenção aos rótulos e faça o possível para comer guloseimas com moderação.

Referências:

CDC. Get the Facts: Added Sugars. Disponível em: https://www.cdc.gov/nutrition/data-statistics/added-sugars.html

CDC. Insulin Resistance and Diabetes. Disponível em: https://www.cdc.gov/diabetes/basics/insulin-resistance.html

Wiss DA, Avena N, Rada P. Sugar Addiction: From Evolution to Revolution. Front. Psychiatry. Sec. Psychological Therapy and Psychosomatics . Volume 9. 2018. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2018.00545

Massey A, Hill AJ. Dieting and food craving. A descriptive, quasi-prospective study. Appetite. Volume 58, Issue 3, June 2012, Pages 781-785

Horie I, Abriu N, Hongo R et al. Increased sugar intake as a form of compensatory hyperphagia in patients with type 2 diabetes under dapagliflozin treatment. RESEARCH ARTICLE | VOLUME 135, P178-184, JANUARY 2018

Liu C, Kaeser P. Mechanisms and regulation of dopamine release. Current Opinion in Neurobiology. Volume 57, August 2019, Pages 46-53.

Johnson RJ, Wilson WL, Bland ST, Lanaspa MA. Fructose and uric acid as drivers of a hyperactive foraging response: A clue to behavioral disorders associated with impulsivity or mania? Evolution and Human Behavior. 2020:S109051382030215. doi:10.1016/j.evolhumbehav.2020.09.006

Hirode G, Wong RJ. Trends in the Prevalence of Metabolic Syndrome in the United States, 2011-2016. JAMA. 2020;323(24):2526-2528. doi:10.1001/jama.2020.4501

Westwater ML, Fletcher PC, Ziauddeen H. Sugar addiction: the state of the science. Eur J Nutr. 2016 Nov;55(Suppl 2):55-69. doi: 10.1007/s00394-016-1229-6. Epub 2016 Jul 2. PMID: 27372453; PMCID: PMC5174153.

Masood W, Annamaraju P, Uppaluri KR. Ketogenic Diet. [Updated 2022 Jun 11]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK499830/

Liman MNP, Jialal I. Physiology, Glycosuria. [Updated 2022 Mar 18]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK557441/

Westwater, M.L., Fletcher, P.C. & Ziauddeen, H. Sugar addiction: the state of the science. Eur J Nutr 55 (Suppl 2), 55-69 (2016). https://doi.org/10.1007/s00394-016-1229-6

Knüppel, A., Shipley, M.J., Llewellyn, C.H. et al. Sugar intake from sweet food and beverages, common mental disorder and depression: prospective findings from the Whitehall II study. Sci Rep 7, 6287 (2017). https://doi.org/10.1038/s41598-017-05649-7

Huang, Q.; Liu, H.; Suzuki, K.; Ma, S.; Liu, C. Linking What We Eat to Our Mood: A Review of Diet, Dietary Antioxidants, and Depression. Antioxidants 2019, 8, 376. https://doi.org/10.3390/antiox8090376

Meule, A. The Psychology of Food Cravings: the Role of Food Deprivation. Curr Nutr Rep 9, 251-257 (2020). https://doi.org/10.1007/s13668-020-00326-0

Greenberg, D.; St. Peter, J.V. Sugars and Sweet Taste: Addictive or Rewarding? Int. J. Environ. Res. Public Health 2021, 18, 9791. https://doi.org/10.3390/ijerph18189791

Sobre o autor

Avatar de Redação

Redação

Estamos empenhados em estabelecer uma comunidade ativa e solidária que possa impulsionar mudanças positivas na sociedade.