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Os efeitos da deficiência de vitamina D no seu corpo: saiba mais!

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Você provavelmente conhece alguém que faz suplementação de vitamina D, e a impressão que dá é que existe uma verdadeira epidemia de deficiência ou insuficiência dessa substância. Na verdade, não é apenas uma impressão: a falta de níveis adequados dessa vitamina —que na verdade é um pré-hormônio— é um problema de saúde global.

Como é que chegamos a esse ponto ainda não foi totalmente esclarecido pelos cientistas, mas o que sabemos, até o momento, é que alguns fatores têm atrapalhado a obtenção de vitamina D, seja pela dieta, seja através da pele por meio da exposição solar —sua maior fonte natural.

A “vitamina do sol” é essencial para a saúde dos ossos, já que ela garante a concentração de cálcio. Para além do esqueleto, níveis adequados de vitamina D também têm sido associados a benefícios para a saúde imunológica, intestinal e do coração, entre outros.

1 bilhão de pessoas no globo apresentam deficiência de vitamina D;

50% delas têm taxas de insuficiência;

Estudos regionais do Brasil (Salvador, Curitiba e São Paulo) indicam prevalência de deficiência de 15,3%, e insuficiência de 50,9%, no geral;

Em nosso país, mesmo no verão, os níveis são considerados baixos, e no período do inverno eles tendem a cair mais 30%.

O mundo ideal

A avaliação dos níveis de vitamina D, na maioria das vezes, é feita por meio de um exame laboratorial que analisa o metabólito 25 hidroxivitamina D (25 OHD) circulante no organismo.

As sociedades médicas internacionais ainda divergem sobre os critérios para classificar o que seriam taxas ideais, deficiência e insuficiência. E essa controvérsia se deve ao avanço das pesquisas que trazem novas descobertas sobre as funções da substância para além da saúde óssea.

No Brasil, porém, existe um consenso entre os especialistas. Decidiu-se que os valores desejáveis para a população adulta saudável (até 60 anos) devem corresponder a níveis acima de 20 ng/ml.

A depender de determinados fatores de risco, como ter idade superior a 60 anos, a taxa desejável pode subir, e os limites variarão entre 30 a 60 ng/ml.

Já a organização médica internacional Endocrinology Society estabelece o que é considerado insuficiência (níveis moderadamente baixos) e deficiência (níveis drasticamente baixos). Confira:

Insuficiente: 20 a 30 ng/ml

Deficiente: abaixo de 20 ng/ml

O que você ganha com isso? A função mais estudada e conhecida da vitamina D é o seu efeito no metabolismo ósseo, ou seja, a garantia da manutenção de concentrações de cálcio nos ossos dentro dos valores ideais. Assim, a sua falta pode ter como consequência:

Osteomalácia (adultos e crianças);

Osteoporose (em adultos);

Possíveis alterações em outros sistemas para além da saúde óssea.

Você pode trabalhar contra a saúde dos ossos

Em qualquer idade, a vitamina D atua na absorção do cálcio, e na secreção de um hormônio encarregado da regulação do cálcio sanguíneo (PTH), assim como nas funções celulares e musculares.

A longo prazo, insuficiência e deficiência prejudicam a correta absorção de cálcio. É aí que começa a aparecer o efeito cascata:

Um quadro de hiperparatiroidismo, isto é, a secreção excessiva do hormônio paratireoide em resposta à queda grave de cálcio no sangue, pode dar as caras e levar à perda de massa óssea. Esta, por sua vez, colabora para o aparecimento de osteoporose, o que abre caminho para fraturas;

Quando a taxa de vitamina D é muito baixa (menor que 10 ng/ml), defeitos de mineralização do osso poderão estar presentes;

A consequência é a osteomalácia, que, entre as crianças, é conhecida como raquitismo e se caracteriza pelo “amolecimento” ósseo, o que igualmente aumenta o risco para fraturas.

Embora deficiência e insuficiência de vitamina D sejam consideradas assintomáticas, quando elas se tornam graves, podem estar presentes as seguintes manifestações:

  • Dor e deformidades ósseas;
  • Fraqueza e dor musculares;
  • Fraturas;
  • Dores articulares;
  • Irritabilidade, letargia, atraso no desenvolvimento, além de fraturas e deformações ósseas (em crianças);
  • Cerca de 40% a 60% de pessoas com dores musculares generalizadas têm deficiência de vitamina D.

Você pode atrapalhar o equilíbrio do organismo

Os cientistas têm observado que a vitamina D possui outras funções para além da regulação do cálcio. Isso porque receptores dela estão presentes no intestino, cólon, nas células de defesa do corpo, no cérebro etc.

Isso indica que a vitamina D parece ter associação com a produção de insulina, modulação das funções de linfócitos (T e B) e na prevenção de doenças inflamatórias do intestino, bem como à contração do coração;

Apesar de os resultados das pesquisas ainda serem conflitantes, algumas delas têm mostrado associação entre deficiência de vitamina D e o câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, doenças autoimunes e até depressão.

Por que está todo mundo “carente”?

Enquanto se discutem entre os cientistas questões evolutivas que poderiam estar alterando a capacidade de absorção e manutenção de vitamina D, a alta prevalência de sua falta em populações de todo o mundo indica que ela se relaciona às seguintes causas:

  • Problemas na dieta ou de absorção;
  • Presença de algumas enfermidades (doenças celíaca e inflamatória intestinal, fibrose cística);
  • Efeitos de bariátrica;
  • Redução de tempo de exposição ao sol e uso de protetor solar;
  • Doenças crônicas do fígado que atrapalham a produção da vitamina D, como a cirrose;
  • Uso de determinados medicamentos capazes de ativar a degradação da vitamina D (fenobarbital, carbamazepina, dexametasona, rifampicina etc.);
  • Aumento da obesidade.

Saiba quem precisa estar mais atento

Pessoas adultas que adotem um estilo de vida saudável, em geral, não necessitam de investigação de insuficiência/deficiência de vitamina D.

A orientação das sociedades médicas brasileiras é que alguns grupos de pessoas e determinados quadros clínicos podem ser beneficiados com a manutenção de taxas entre 30 ng/ml e 60 ng/ml. Assim, a suplementação deve ser considerada na presença das seguintes condições:

  • Ter idade acima dos 60 anos (com o envelhecimento, a capacidade de absorção se reduz);
  • Presença de fraturas ou quedas recorrentes;
  • Gravidez e amamentação;
  • Osteoporose (primária e secundária);
  • Doenças osteometabólicas (raquitismo, osteomalácia, hiperparatireoidismo);
  • Doença renal crônica;
  • Síndromes de má-absorção (pós-cirurgia bariátrica, doença inflamatória intestinal);
  • Uso de medicações que possam interferir na formação e degradação da vitamina D. São exemplos: antirretrovirais, glicocorticoides e anticonvulsivantes;
  • Tumores;
  • Sarcopenia;
  • Diabetes;
  • Ausência ou contraindicação de exposição solar. Encaixam-se na primeira situação pessoas hospitalizadas, que vivam em instituições;
  • Obesidade (a vitamina D pde rser ser “sequestrada” pelo tecido adiposo, a gordura);
  • Ter pele escura;
  • Insuficiência hepática (incluindo pessoas que fazem uso excessivo de álcool);
  • Fibrose cística.

Tipos de Vitamina D

A vitamina D2, também conhecida como ergocalciferol, está presente nos alimentos de origem vegetal, e é utilizada na fortificação de produtos alimentícios.

Já a vitamina D3, ou colecalciferol, é o resultado da transformação do deidrocolesterol existente na pele pela ação dos raios ultravioleta do sol.

Quando são comparadas uma e outra, a vitamina D3 é mais eficaz para alcançar os níveis ideais do metabólito 25 hidroxivitamina D (25 OHD).

A vitamina D é convertida na forma 25-hidroxivitamina D no fígado, onde é armazenada. Parte será convertida na forma ativa da vitamina D, a 25 OHD.

Suplementação tem dose certa

Embora a vitamina D possa ser adquirida sem apresentação de receita médica, é importante saber que a suplementação só deve ocorrer após a avaliação de um profissional da saúde. Isso porque é preciso considerar vários fatores para indicar seu uso, estabelecer as doses necessárias e o tempo de suplementação para cada pessoa.

Esses cuidados se justificam porque o único jeito de ocorrer uma intoxicação —apresentar valores acima de 100 ng/ml— é pela via da suplementação. Tal quadro está associado à hipercalcemia (excesso de concentração de cálcio no sangue), cujos sintomas são: constipação, confusão, micção e sede excessivas.

Mas e se alguém exagerar no sol? Os especialistas afirmam que a intoxicação, nesse caso, é rara porque o excesso de vitamina D absorvido pela pele é naturalmente descartado pelo organismo.

Exposição solar na medida

Como 50 a 90% da vitamina D é absorvida por meio da pele, seria necessário se expor ao sol com pelo menos 40% da pele descoberta, por 20 a 30 minutos todos os dias, preferencialmente das 10h às 12h.

Lembre-se: poucos alimentos naturais são ricos na substância, mas eles podem colaborar para a manutenção dos níveis ideais dela.

Aumente a presença de peixes gordurosos como sardinha, cavalinha, e salmão no cardápio, além de itens enriquecidos com vitamina D (leite, cereais, alguns pães) —fique de olho no rótulo.

Como se prevenir

Além da exposição solar moderada e de caprichar na dieta, adote ainda as seguintes medidas para prevenir a deficiência/insuficiência:

Evite ficar muito tempo em ambientes fechados;

Prefira não exagerar no uso de protetores solares. Quando há contraindicação de exposição ao sol, a suplementação deve ser indicada;

Considere a suplementação diária, sempre sob orientação médica, caso você tenha 65 anos ou mais. A prática ajuda a prevenir fraturas e quedas;

Invista em atividade física. De nada adianta suplementar sem que ossos e músculos sejam submetidos a exercícios de impacto (caminhada, por exemplo) e de força (musculação). Tudo junto e misturado resulta em um “up” na prevenção de quedas e fraturas.

Fontes: Eline de Almeida Soriano, médica nutróloga, diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Fernanda Bolfi, médica endocrinologista assistente da disciplina de endocrinologia e metabologia da FMB-Unesp (Faculdade de Medicina da Botucatu da Universidade Estadual Paulista); Larissa Almeida Moreira Marques, endocrinologista do HU-UFPI/Ebserh (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, que integra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e presidente regional da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes); Monique Nakayama Ohe, endocrinologista da SBEM- (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo) e colaboradora do Serviço de Doenças Ósteometabólicas da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia da EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo). Revisão médica: Fernanda Bolfi.

Referências:

Posicionamento da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) – Intervalos de Referência da Vitamina D – 25(OH)D. Atualização 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32813765/

Borba VZC, Lazaretti-Castro M, Moreira SDS, de Almeida MCC, Moreira ED Jr. Epidemiology of Vitamin D (EpiVida)-A Study of Vitamin D Status Among Healthy Adults in Brazil. J Endocr Soc. 2022 Nov 9;7(1):bvac171. doi: 10.1210/jendso/bvac171. PMID: 36518902; PMCID: PMC9728789. Disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36518902/

Sizar O, Khare S, Goyal A, et al. Vitamin D Deficiency. [Atualizado em 2023 Jul 17]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK532266/

Chauhan K, Shahrokhi M, Huecker MR. Vitamin D. [Atualizado em 2023 Abr 9]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441912/

Fonte: uol

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Carlos Miranda

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