Elas são famosas entre quem deseja perder peso, mas, a longo prazo, podem não ser as opções mais saudáveis para o coração.
As dietas cetogênica (ou Keto) e paleolítica (também conhecida como “paleo”) receberam a pontuação mais baixa em um novo ranking da Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês), que classificou 10 dietas populares com base em quais são melhores e piores para a saúde cardíaca.
A (]*rel=”)noopener(“[^>]*>)análise foi publicada na revista científica “Circulation: Cardiovascular Imaging”, da AHA, na última quinta-feira (27/4).
Os padrões alimentares foram agrupados por semelhanças em suas principais características, resultando em 10 categorias. Veja o ranking abaixo e, sem seguida, entenda o que está por trás da classificação:
1º lugar: estilo ‘DASH’ (Dietary Approaches to Stop Hypertension). A sigla vem do inglês e significa “Abordagem dietética para parar a hipertensão“. Consiste em uma dieta que inclui vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, nozes e sementes, laticínios com baixo teor de gordura, carnes magras e aves, além de peixes e óleos não tropicais.
2º lugar: Mediterrânea. Ao mesmo tempo que limita os laticínios, essa dieta enfatiza vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, nozes e sementes, peixes gordurosos e azeite de oliva extra virgem. Também inclui o consumo moderado de vinho tinto.
3º lugar: Pescetariana. É uma dieta vegetariana que inclui peixes e frutos do mar.
4º lugar: Ovolactovegetariana. Além de vegetais, esta dieta permite o consumo de ovos (ovo-vegetariano), laticínios (lacto-vegetariano) ou ambos (ovo-lacto-vegetariano);
5º lugar: Vegana. Alimentação baseada em vegetais que não inclui consumo de nenhum produto de origem animal;
6º lugar: Baixo teor de gordura. Dieta que limita a ingestão de gordura a menos de 30% do total de calorias;
7º lugar: Muito baixo teor de gordura. Dieta que limita a ingestão de gordura a menos de 10% do total de calorias;
8º lugar: Baixo teor de carboidratos. Também conhecida como ‘low-carb’ no Brasil, ela restringe o conusmo de carboidratos a 30-40% da ingestão total de calorias.
9º lugar: Paleolítica. Apelidada de “paleo”, exclui grãos integrais e refinados, legumes, óleos e laticínios da rotina de alimentação.
10º lugar: Muito baixo teor de carboidratos/cetogênica. limita a ingestão de carboidratos a menos de 10% das calorias diárias.
O que foi levado em conta? Os pesquisadores avaliaram o quanto as dietas se alinhavam com as diretrizes da associação para uma rotina de alimentação saudável que favoreça o coração. O relatório também levou em consideração se as dietas permitiam flexibilidade para que as pessoas pudessem ter uma boa adesão a longo prazo.
A associação agrupou diferentes padrões de alimentação em quatro níveis de qualidade diferentes. Entenda abaixo:
Nível 1: DASH, mediterrânea, pescetariana e ovolactovegetariana (pontuação maior que 85)
Os padrões que levaram a primeira colocação são descritos pela Associação como “flexíveis e oferecem uma ampla variedade de alimentos saudáveis para escolha no dia a dia”.
O que elas têm em comum? Consumo de legumes, frutas e grãos integrais, além da baixa ingestão de álcool e alimentos ultraprocessados. Todas também fornecem quantidades adequadas de fibra, consideradas essenciais para o controle do colesterol “ruim” e do nível de açúcar no sangue —dois fatores de risco para doenças cardíacas.
Além disso, a associação destaca que esses padrões alimentares podem ser adaptados para respeitar práticas culturais, preferências alimentares e orçamentos, o que aumentaria as chances de as pessoas manterem a dieta a longo prazo.
Nível 2: Dietas veganas e com baixo teor de gordura (pontuações de 75 a 85)
Ambas também enfatizam a ingestão de vegetais, frutas, grãos integrais, legumes e nozes, além de limitarem o consumo de álcool e alimentos com adição de açúcar.
No entanto, elas receberam uma pontuação mais baixa porque os especialistas consideraram que as dietas veganas podem aumentar o risco de deficiência de vitamina B12, o que poderia resultar em implicações negativas à saúde do coração. Portanto, a suplementação pode ser necessária para os adeptos desse estilo de vida.
Eles também levaram em conta que as restrições no padrão alimentar vegano podem dificultar a adesão a longo prazo ou ao comer fora de casa.
Além disso, segundo a Associação, as dietas com baixo teor de gordura geralmente reduzem a ingestão não somente das gorduras menos saudáveis mas também das chamadas “gorduras boas”, que protegem o coração. Eles reconhecem, no entanto, que essas questões podem ser superadas com aconselhamento nutricional adequado.
Nível 3: Teor muito baixo de gordura e baixo carboidrato (pontuações 55-74)
Embora as dietas com muito baixo teor de gordura e baixo teor de carboidratos sejam ferramentas populares para perda de peso, a associação as descreve como tendo “baixou ou moderado alinhamento” com sua orientação do que é uma boa rotina alimentar para o coração.
Dietas com muito baixo teor de gordura perderam pontos por restringir nozes e óleos vegetais saudáveis. Esse padrão alimentar, diz a associação, também pode resultar em deficiências de vitamina B-12, ácidos graxos essenciais e proteínas, levando a anemia e fraqueza muscular.
Já as dietas com pouco carboidrato caíram no ranking pois restringem frutas (devido ao teor de açúcar), alguns grãos e legumes, que são fontes de fibras.
Para a associação, além de diminuir o consumo de fibras, as pessoas que seguem essa abordagem tendem a aumentar a ingestão de gorduras saturadas (de carnes e alimentos de origem animal, por exemplo), o que contraria a orientação dos médicos.
Nível 4: Dieta paleolítica e muito baixo carboidrato/ cetogênica (pontuações inferiores a 55)
De todas as 10 dietas analisadas, a paleolítica e a cetogênica alcançaram a classificação mais baixa.
A associação reconhece que elas têm “pontos fortes”, como a ênfase no consumo de vegetais, nozes e peixes sem amido, além de minimizar o consumo de álcool e alimentos com adição de açúcar.
No entanto, a restrição no consumo de frutas, grãos integrais e leguminosas também podem resultar em uma baixa ingestão de fibras.
Além disso, embora a dieta cetogênica possa levar a uma perda de peso e melhorar o controle do açúcar no sangue a curto prazo, os pesquisadores concluíram que ela pode aumentar os níveis de colesterol e o risco de doenças cardíacas a longo prazo, já que um limite de consumo de gordura saturada não é frequentemente recomendado.
Consumir altos níveis de gordura saturada e baixos níveis de fibra estão ligados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, destaca o relatório.
Elas [cetogênica e paleolítica] são altamente restritivas e difíceis para a maioria das pessoas manter a longo prazo. Embora provavelmente haja benefícios a curto prazo e perda de peso substancial, não é sustentável. Uma dieta eficaz em ajudar um indivíduo a manter as metas de perda de peso, do ponto de vista prático, precisa ser sustentável. Christopher D. Gardner, Professor de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia, autor do relatório.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda