Existem crenças de que algumas plantas são capazes de curar determinadas doenças ou, ao menos, amenizar os sintomas. Os fitoterápicos, medicamentos que possuem princípios ativos das plantas, estão nesta lista. Mas, na maioria dos casos, falta comprovação científica para garantir a eficácia.
É o caso da folha de louro, muito propagada como responsável por diminuir o triglicéride e o colesterol do corpo. Mas será que isso é verdade? De acordo com nutricionistas e endocrinologistas entrevistados por VivaBem, a história não é bem essa.
Embora existam estudos mostrando os benefícios da folha na redução de colesterol e triglicérides, o efeito é considerado “discreto”, sendo necessárias mais pesquisas para comprovar essa vantagem da folha de louro.
“Não há pesquisas que avaliam o consumo de folhas, cápsulas ou extrato de louro a longo prazo em doses altas que possam garantir a sua segurança, o que é fundamental para que sejam feitas recomendações nesse sentido”, explica Breno Balabem Alves, endocrinologista da DaVita Serviços Médicos.
De acordo com Carolina Ferraz, endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo), não há nada na literatura científica que traga detalhes sobre qual é a substância ativa da folha de louro, qual quantidade seria necessária, posologia (dosagem), concentração, melhor veículo de administração (cápsula, pó, planta) etc.
“São vários detalhes que, para trazer benefícios, precisam ser bem estudados. A folha pode até ser usada na alimentação, mas ela, sozinha, não vai diminuir colesterol ou triglicérides nenhum. Os fitoterápicos não substituem medicamentos”, diz Ferraz.
Mas isso quer dizer que ninguém deve consumir a folha de louro? Não. Plantas assim podem ser usadas na refeição, pois não fazem mal para a saúde. Ter uma alimentação saudável e balanceada sempre vai fazer bem.
“Entretanto, não se pode indicar de forma plena o uso restrito apenas de folha de louro para o tratamento de determinadas doenças crônicas”, explica Marcia Mestiço, pós-graduada em endocrinologia.
Como diminuir colesterol e triglicérides?
O nível ideal de colesterol total deve ser menor que 190 mg/dL; do colesterol “ruim”, o LDL, varia conforme o risco relativo de uma pessoa apresentar um evento cardiovascular (por exemplo, infarto ou derrame), devendo ser menor que 130 mg/dL quando o risco é considerado baixo, a até menor que 50 mg/dL, quando o risco é considerado muito alto. Já o colesterol “bom”, o HDL, deve ser maior que 40 mg/dL.
Os triglicérides devem estar abaixo de 150 mg/dL, quando o exame é coletado em jejum de 12 horas, e de 175 mg/dL, quando coletado sem jejum.
A melhor forma de mantê-los nesses níveis citados acima é com alimentação balanceada e atividade física. É bom evitar o excesso de carboidrato, açúcar, bebida alcoólica, fritura. Diga sim para as frutas, fibras, verduras, legumes, farinhas integrais e gorduras boas (ômega 3, peixes, linhaça, chia, abacate).
O medicamento depende de cada caso, sendo necessária a consulta com um médico. Mas, de forma geral, só é indicado o remédio quando não é possível controlar os níveis com alimentação e exercício físico. Para colesterol alto, são as estatinas; para controle de triglicérides, os fibratos.
*Com informações de reportagem publicada em 08/04/2020
Fonte: uol