No segundo episódio da sétima temporada do Conexão VivaBem, o endocrinologista Wilmar Accursio explica como agem os remédios para emagrecer no organismo, inclusive o Ozempic (semaglutida), que tem se tornado uma febre nas redes sociais nos últimos meses.
O Ozempic é uma medicação aprovada para o tratamento de diabetes, mas que se popularizou pelo efeito na perda de peso.
Segundo o especialista, toda vez que a gente come, nosso intestino secreta peptídeos que enviam uma mensagem para o cérebro sinalizando que “já está bom” e “não precisa comer mais”. A questão é que esses peptídeos duram, no máximo, minutos.
A ciência sintetizou substâncias iguais a essas, só que sintéticas, e que inicialmente duravam 12 horas, 24 horas e agora duram uma semana. Na prática, isso significa que com o uso do Ozempic, a pessoa pode ficar sete dias sem apetite. Wilmar Accursio, endocrinologista
Uma das vantagens é que seu principal efeito colateral são náuseas, diferentemente de outros remédios para perda de peso que têm efeitos mais graves, como taquicardia, tremores, insônia, entre outros.
Accursio reforça que apesar de a medicação ser indicada para o tratamento de diabetes, muita gente tem usado de forma errada ou desnecessária.
“Com cada vez mais oferta de remédios para emagrecer, a tendência é que se torne mais difícil as pessoas tomarem a decisão de mudar os hábitos, especialmente as não obesas, que têm sobrepeso ou as que até estão no peso correto do ponto de vista de saúde, mas não de estética. Vai ficar cada vez mais problemático”, comenta o médico.
Para os obesos, no entanto, o médico acredita que o uso de medicação é uma boa solução. “Antigamente, achava-se que a obesidade era falta de caráter, mas a incidência de obesidade tanto pela oferta alimentar quanto pela contaminação ambiental gerou um problema de saúde pública. A gente sempre soube, só não tinha arma. Eles [obesos] têm que usar remédio cronicamente.”
O médico comenta ainda que alguns medicamentos para emagrecer, como os anfetamínicos, foram proibidos devido aos efeitos colaterais graves, outros estão liberados, é o caso do orlistat e da sibutramina.
Na avaliação do profissional criou-se a ideia de que o remédio vai sempre fazer mal à saúde. “O grande problema do remédio é que pouquíssimas pessoas pensam que ele é uma arma para ajudar a mudar o comportamento alimentar. Elas jogam toda a força no remédio, porque estão com menos fome, estão motivados, se veem mais bonitas no espelho, aí emagrecem. Só que não fazem uma proposta de mudança, param o remédio e engordam de novo.”
Existe uma dependência psicológica?
Sim, Accursio conta que já teve pacientes que na mesma hora em que ele falou não eles não precisariam mais tomar remédio, pediram para ele prescrever a medicação, prometeram que não abririam o frasco e, de fato, três meses depois voltaram com o pote fechado. “Eles precisavam saber que tinham um remédio para conseguir manter a mudança alimentar.”
O especialista também esclarece que é mito que exista uma dependência química no sentido de que o corpo acostuma e só emagrece com o remédio.
Tem remédio para perder peso na homeopatia?
Não há remédio para emagrecer na homeopatia. Há os fitoterápicos, mas para quem já tomou o alopático, ele é bem mais fraco e funciona para pessoas que estão realmente decididas a mudar.
Veja 3 dicas para perder peso com ou sem o uso de remédio
Dica 1 – Não acredite em mágicas:
“Não existe mágica na medicina. Se prometeu algo mágico, caia fora que não vai funcionar”.
Dica 2 – Busque ajuda profissional:
Preferencialmente, procure o auxílio de um médico e nutricionista para te auxiliar no processo de emagrecimento.
Dica 3 – Faça exercício físico:
“Uma frase que costumo dizer é: ‘Até certo momento da sua vida, você tem o direito de gostar ou não de atividade física, a partir de um certo momento a sua opinião não importa. Tem que fazer atividade física'”, comenta o endocrinologista.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda