Com mudanças climáticas, desnutrição e obesidade, ser saudável não tem a ver somente com contar o número de calorias, mas sim de considerar a emissão de carbono.
“Quando olhamos para a comida, precisamos pensar sobre a forma como ela foi produzida, transportada, distribuída. E lembrar até mesmo das perdas e dos desperdícios”, ensina a nutricionista Aline Carvalho, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP. Em outras palavras, a sustentabilidade precisa estar à mesa se buscamos uma alimentação capaz de nos fazer bem.
Ao propor essa reflexão, a nutricionista nos apresenta o conceito de sistemas alimentares sustentáveis, que também tem a ver com a prevenção dos problemas cardiovasculares, do câncer e da obesidade, com sua penca de doenças associadas.
Consuma menos carne vermelha
Se para dar conta do nosso apetite for preciso criar muito gado, os gases liberados pelos animais contribuirão bastante para o efeito estufa. “A quantidade maior de gás carbônico na atmosfera por causa dele prejudica o teor de nutrientes, como ferro e zinco, nos vegetais”, informa a professora.
Sem contar que a produção de carne exige uma área cada vez maior de terra virando pasto, usa muita água e polui os rios.
Nossa saúde também sai perdendo, se exageramos na carne vermelha: um estudo indica que 100 gramas dela todo santo dia, algo como um bife do tamanho da palma de sua mão, já aumenta em 12% o risco de câncer no intestino.
Ninguém está dizendo para todo mundo parar de comer churrasco esporadicamente ou um bife vez ou outra no almoço. “Reduzir o consumo já ajuda bastante”, garante a nutricionista. “Em vez de comer aquele medalhão enorme, por que não cozinhar um pedaço de carne menor, mas com legumes junto?”, sugere.
Outra estratégia, segundo Carvalho, é variar as fontes proteicas. “A carne bovina é a que tem maior impacto na natureza, seguida da suína. E você pode diminuir o consumo de ambas se alterná-las com frango, peixes, ovos”, diz.
Prefira vegetais de sua região
Quando você prefere vegetais que crescem perto do lugar onde vive, em vez de colocar no carrinho a fruta importada ou de alguma região brasileira mais distante, está evitando levar para casa um alimento que, provavelmente, está carregado de substâncias usadas no seu cultivo para conservá-lo durante longas viagens.
“O alimento regional, portanto, tende a ser mais saudável”, diz Raquel Tupinambá, analista de conservação do WWF Brasil. “E seu consumo também diminui o uso de transporte, que ocasiona, além de um preço mais elevado, maior poluição no ambiente.”
Prefira ainda os alimentos da estação. “Todo vegetal é adaptado para usar melhor o solo em determinado período do ano”, explica Aline Carvalho. “Por isso, colhido na época certa, ele é mais rico do ponto de vista nutricional e muito mais saboroso.”
Mais dicas sustentáveis e saudáveis
Pesquise sobre empresas que levam o ecossistema a sério e apoie-as com a compra de seus produtos. As que são sustentáveis possuem iniciativas para compensar seu impacto ambiental, prezam pelo “desperdício zero”, apoiam a reciclagem. Já as chamadas empresas regenerativas já foram estabelecidas com o propósito de não causar impactos e de reutilizar materiais, contribuindo para o planeta;
Fique atento a produtos com selos de programas eficientes de economia circular e reciclagem, como: Carbon Free, Rainforest Alliance, Fairtrade, Selo IBD Orgânico;
Repare nas embalagens: prefira as inteligentes, que postergam a degradação de produtos frescos e podem até mesmo ser comestíveis. Evite embalagens com plástico descartável, muito papel ou isopor;
Considere os adesivos. O Stixfresh, por exemplo, é um adesivo para frutas que faz com que elas durem por mais tempo na geladeira.
*Com informações de reportagem publicada em 06/04/2023
Fonte: uol