Inflamação crônica de baixo grau é um assunto que venho conversando por aqui há bastante tempo, e está se expandido em horizontes que vão além da percepção apenas das doenças, mas de como podemos evitar que essa inflamação as cause.
A inflamação se esconde em sinais e sintomas que se associam, a percepção do próprio paciente é que revela que ali, naquele organismo, há uma luta diária contra processos inflamatórios.
Quando se fala em inflamação logo se imagina um trauma, uma fratura, uma unha encravada, um dedo torcido, uma dor no ciático, coisas que são causa aguda de uma inflamação, mas não se associam, geralmente, aos processos mais silenciosos e que não se vê, mas se sente, e que incomodam diariamente o paciente.
Antes de virar uma doença, as etapas iniciais são desequilíbrios, distúrbios que o próprio corpo não consegue resolver sozinho. Já expliquei mais sobre os mecanismos e os sinais que o corpo dá, mas afinal, como saber se estamos de fato inflamados, ou se há alguma relação quanto ao estresse oxidativo, processos inflamatórios silenciosos e crônicos no nosso corpo, sem estar de fato com algum diagnóstico em mãos?
Alguns exames bioquímicos são determinantes para cada direcionamento de inflamação que pode estar ocorrendo em seu corpo e saber quais suas relações com as queixas em consultório, como dores de cabeça constante, distúrbios no sono, dores articulares sem lesão aparente, falta de ânimo, unhas quebradiças, cabeços fracos. São muitas as queixas que nos direcionam para um quadro de inflamação de baixo grau, mas que cronicamente irá afetar a sua saúde a longo prazo, aumentando os riscos de patologias associadas se instalarem.
Os exames mais específicos para correlacionar com processos inflamatórios:
VHS: o exame de velocidade de hemossedimentação é um exame de sangue que avalia a sedimentação de glóbulos vermelhos do sangue, que ocorre durante uma hora após ser colhido. Ele consegue avaliar o nível de sedimentação em velocidade porque quanto mais rápida é a sedimentação, maior a presença de proteínas de fase aguda, que são respostas imediatas de inflamação, sejam agudas (infecções, lesões, traumas) ou crônicas.
PCR ultrassensível: a proteína C reativa é produzida no fígado e liberada na corrente sanguínea, e é um biomarcador de inflamação de fase aguda, ou seja, após traumas, infecções, e também determinante em infartos. Porém, em pacientes com doenças autoimunes e/ou processos inflamatórios constantes (ou seja, crônicos), elas podem permanecer altas em concentrações sanguíneas, constantemente sendo produzidas pelo fígado e enviadas à corrente sanguínea, causando distúrbio e aumentando a exigência hepática.
Complemento: sistema complemento é um conjunto de proteínas sanguíneas circulantes que trabalham juntas para promover respostas imunes e inflamatórias. Sua principal função é destruir substâncias estranhas ao organismo. Eles são ativados através de uma cascata de eventos advindos de um patógeno ou anticorpos, ou em um distúrbio, como doenças autoimunes, sendo um grande aliado na detecção de inflamação crônica no paciente que apresenta sintomas clássicos e típicos de algumas doenças, mas que nem sempre possuem o diagnostico final.
Albumina: a proteína mais abundante do plasma evita que a água saia dos vasos sanguíneos e é transportadora de hormônios, vitaminas, medicamentos. Quando a albumina está baixa, é um biomarcador de inflamação crônica, generalizada, alguns tipos de traumas, além disso está associada diretamente à desnutrição, especialmente quando há distúrbios inflamatórios intestinais. Na doença de Crohn, colite ulcerativa, doença celíaca, diarreia crônica, por exemplo, perde-se grande parte de proteínas e outros nutrientes via intestino, há um distúrbio de absorção de nutrientes que compromete a saúde do individuo.
Contagem de leucócitos: quando os leucócitos estão altos, é sinal de inflamação, infecção, exercícios intensos e extenuantes, estresse elevado e também leucemia. Já na leucopenia, ou seja, a diminuição da contagem de leucócitos, está presente a possibilidade de doenças imunológicas, ou como resultado de tratamentos contra o câncer, como quimio e radioterapia.
CCR: voltado especificamente para analisar a existência de artrite reumatoide, ou seja, é um exame que diferencia o diagnóstico para outras artrites. Por ser uma doença crônica, autoimune e que causa grandes níveis de inflamação. Esse exame pode ser determinante para que o paciente receba o diagnóstico a tempo de evitar maiores transtornos devido às limitações da doença e dos processos inflamatórios que a artrite causa.
FAN: esse teste é muito importante para detectar quando o próprio corpo está falhando em distinguir o que é “próprio” e “não-próprio”, justamente a causa da instalação de doenças autoimunes, onde as células do nosso sistema imunológico ataca uma parte especifica do nosso próprio organismo. Esses anticorpos atacam as células do próprio organismo, causando sinais e sintomas como os associados à inflamação de tecidos e órgãos, dor articular e muscular e fadiga, e é um teste muito especifico para detectar lúpus eritematoso sistêmico.
Fale com seu médico e nutricionista antes de avaliar seus sinais, sintomas e usar exames bioquímicos como norteador para o tratamento.
Fonte: uol