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‘Café de cogumelo: saiba se vale a pena investir nessa nova ‘bebida funcional”

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Os “alimentos funcionais” ganharam as prateleiras dos supermercados há cerca de uma década —e desde então, a demanda por produtos que prometem benefícios extras à saúde vêm em uma crescente constante.

A bola da vez em países como Estados Unidos e Inglaterra —e que já ensaia uma chegada, embora ainda tímida, ao Brasil— é o café com cogumelos medicinais, ou mushroom coffee.

O café de cogumelo é uma mistura de extratos de cogumelos (secos ou moídos) com café tradicional. “A bebida pode ser preparada da mesma forma que o café comum, seja por infusão, prensa francesa, cafeteira ou métodos instantâneos”, descreve a nutricionista Fernanda Guedes de Sousa, pós-graduada em fitoterapia pelo Centro Universitário São Camilo.

Os cogumelos usados não têm poderes alucinógenos e comumente as versões usadas são também as que encontramos em criações culinárias. No Brasil, as poucas opções de potes com cerca de 200 g chegam a custar R$ 135.

Cogumelos têm seus benefícios

As espécies de cogumelos usadas, como Reishi (Ganoderma lucidum), Chaga (Inonotus obliquus) e Lion’s Mane (Hericium erinaceus), supostamente apresentam propriedades medicinais.

“Seus benefícios são atribuídos aos seus compostos bioativos, como beta-glucanos, triterpenos e outros polissacarídeos, que possuem propriedades imunomoduladoras, antioxidantes e anti-inflamatórias”, explica Fabiano Robert, médico nutrólogo e docente dos cursos de pós-graduação da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Robert explica que o Lion’s Mane é conhecido por suas propriedades neuroprotetoras, auxiliando na manutenção e crescimento dos neurônios, melhorando assim a função cognitiva e a memória.

Já cogumelos como o Reishi e o Chaga, afirma o médico, possuem compostos adaptogênicos que ajudam a equilibrar o sistema hormonal e a resposta ao estresse, melhorando o humor e sintomas de ansiedade.

No mercado brasileiro, encontram-se também produtos com Agaricus Bisporus, o champignon, que também pode brilhar os olhos de quem procura uma vida mais saudável por oferecer propriedades antioxidantes, antibacterianas, antifúngicas e anti-inflamatórias.

Evidências científicas sobre o café de cogumelo, entretanto, são escassas

Antes de se empolgar demais com o novo produto, é importante dizer que as evidências científicas sobre o real poder do café de cogumelos ainda são escassas.

A nutricionista Mônica Assunção, do HUPAA-Ufal/Ebserh (Hospital Universitário Professor Alberto Antunes da Universidade Federal de Alagoas e vinculado à Empresa de Serviços Hospitalares), ressalta que nas bases de dados científicos consultados não foram encontrados ensaios clínicos envolvendo o café de cogumelos. Apenas estudos demonstrando sua composição e características organolépticas (como sabor e textura).

“Faltam estudos que mostrem a quantidade mínima de café de cogumelo necessária para promoção de algum benefício, associado ao fato de que junto com o extrato de cogumelo também existiria o café (cafeína), que em excesso pode causar prejuízos. Sem a comprovação, fica como mais um suplemento milagroso da moda”, explica ela, que também é docente da Ufal.

Além disso, a forma como os cogumelos são processados e a quantidade de extrato para cada xícara de café também são fatores que influenciam em potenciais benefícios à saúde.

Todo mundo pode tomar?

O nutrólogo Fabiano Robert aponta que, em casos de pessoas com condições de saúde preexistentes ou uso de medicamentos, é sempre aconselhável consultar um profissional qualificado antes de introduzir novos suplementos em sua dieta.

“Embora o café com cogumelos seja considerado seguro para a maioria das pessoas, existem algumas preocupações que devem ser levadas em consideração, como histórico de alergia a cogumelos, náuseas ou desconforto abdominal.”

Vale o hype?

Mesmo sem evidências suficientes, Sousa acredita que o café de cogumelos pode ser uma alternativa interessante ao café comum e potencialmente benéfica à dieta para algumas pessoas.

“É essencial, no entanto, questionar promessas milagrosas e sempre considerar a qualidade e a origem dos produtos. Basear-se em evidências científicas e escolher produtos de qualidade são passos fundamentais para aproveitar essa tendência de forma segura e eficaz.”

Mônica Assunção, professora da Ufal, também lembra que outras mudanças na rotina —como uma dieta balanceada como um todo— são necessárias e mais efetivas para conseguir efeitos positivos na saúde. “Nenhum alimento/suplemento alimentar isolado, sem as devidas mudanças no estilo de vida, é capaz de promover os benefícios questionados.”

Fonte: uol

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