James Gunn já alerta que a repetição de padrões no cinema de super-heróis vai ser o que antecipa seu fim como entretenimento hegemônico atual. Mas é difícil escapar quando investimentos tão maciços os obrigam a reduzir riscos, então você tende a seguir o que é a marca moderna do blockbuster de ação. Talvez o verdadeiro avanço seja provar que o DNA dos filmes não é puramente ação, como vimos em Coringa e até certo ponto com The Batman.
Quando você realmente varia e não se compromete a se adequar ao que é esperado do gênero, é aí que a promessa de oferecer algo diferente parece verdadeiramente genuína. Poucos entenderam isso tão bem quanto James Mangold que, depois de ter que fazer uma versão mais comprometida com o tom geral dos X-Men em Wolverine: Imortal, conseguiu fazer um filme completamente satisfatório e surpreendente com Logan.
O ÚLTIMO DE NÓS
O filme que prometia ser o último adeus de Hugh Jackman como Wolverine (até Ryan Reynolds se deparar com Deadpool 3) está disponível para streaming no Disney+ e Star+, assim como outros da franquia X-Men feita pela 20th Century Fox. Acima de tudo, o longa continua sendo uma carta de amor perfeita para o personagem que o ator interpretou por quase duas décadas, com uma espinha dorsal inspirada no faroeste.
Logan começa a sofrer os efeitos tóxicos do adamantium que o manteve vivo por tanto tempo, e o verdadeiro fim já está à espreita. Não só para si mesmo, mas para a raça mutante, com muitos varridos da face da Terra e o professor Xavier sofrendo com a deterioração de sua própria mente, uma das mais poderosas do planeta. No entanto, uma missão misteriosa o levará a encontrar uma possível nova esperança para sua espécie, que pode ser sua última chance de se redimir.
Muitos apontaram semelhanças entre a história de Logan e The Last of Us, o jogo que foi lançado anos antes. No entanto, tanto os quadrinhos de Mark Millar sobre o personagem quanto às referências a filmes de cowboy como Os Brutos Também Amam, são o que tornam o filme completamente diferente de outros filmes de mutantes e super-heróis em geral. Não há muitos compromissos em uma abordagem que tenta fazer um filme com preocupações adultas reais, mas onde também cada ferida sofrida pelo protagonista é especialmente dolorosa.
PREOCUPAÇÕES PROFUNDAS
Os Brutos Também Amam é uma influência (não é à toa que a dada altura aparece em uma televisão), mas está sobretudo no DNA de um homem excepcional e cansado que já não acredita no bem comum e só concorda em fazê-lo quando há benefício econômico envolvido. O próprio filme irá corroer essa mentalidade com uma viagem que o fará ter uma conexão com aquela missão que ele deve proteger e reconsiderar completamente sua posição.
Mangold não precisa de muito para engrandecer o filme, que consegue aquele ar crepuscular apropriado para celebrar plenamente um personagem memorável. Jackman está melhor do que nunca no papel, completando uma experiência poderosa que realmente não se parece com nenhum outro filme do gênero. Filmes como este e o divertidíssimo Ford vs. Ferrari são motivos suficientes para muitos acreditarem no que o diretor será capaz de oferecer em Indiana Jones e A Relíquia do Destino, próximo filme da franquia clássica.
Fonte: adorocinema