O nome é conhecido principalmente por ter sido o criador de , a aclamada série de televisão estrelada por . Obviamente, não foi a única coisa que fez ao longo da sua carreira, mas as suas outras obras não tiveram o mesmo impacto, especialmente , a comédia romântica de ficção científica que, até agora, foi o único longa-metragem que dirigiu.
Isso mudou graças à , uma das últimas grandes apostas cinematográficas da Netflix para 2023. No papel, tudo sugere um thriller ao estilo de , e há um pouco disso, mas Esmail não se limita a isso e oferece uma visão estimulante de tudo o que cerca um possível fim do mundo. Tudo isso com um elenco de primeira para dar forma a um dos melhores filmes Netflix do ano.
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O fim do mundo?
Os dois grandes ganchos de O Mundo Depois de Nós são a sua premissa e o seu quarteto principal – é verdade que existem outros dois personagens fixos na história, mas também que o seu peso dramático real é muito menor. Comecemos pela premissa, pois não é tão difícil propor uma história que capte a curiosidade do espectador, o realmente complicado é saber desenvolver tudo de forma satisfatória e coerente com o que foi visto até então. Esse é um dos grandes feitos de Esmail, que consegue dar ao filme uma certa elegância formal – embora não espere algo ao nível da encenação magistral de que Shyamalan é capaz – ao mesmo tempo que torna a situação cada vez mais rara avançar.
No geral, O Mundo Depois de Nós é um thriller muito convincente que dá especial atenção ao lado humano e nunca dispensa completamente aquele toque de desconfiança que marca a relação entre os personagens, embora mais tarde tenha que incluir novos elementos à medida que se desenvolve. O colapso da sociedade norte-americana está a tornar-se cada vez mais claro. Na verdade, algumas das cenas mais chocantes do filme são aquelas em que Esmail afeta diretamente as consequências daquele misterioso apagão que leva os personagens de e a se refugiarem na casa que alugaram ao casal formado por e .
Claro, Esmail, que além de diretor também é roteirista do longa – de -, sabe dosar tudo para que haja um crescimento gradual da história. É como se ao mesmo tempo que aproxima seus personagens, algo especialmente evidente na relação entre Ali e Roberts, aumentasse o sentimento de ameaça, incluindo também um leve toque de paranoia que ajuda tudo a funcionar muito bem nas duas frentes.
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É claro que Leave the World Behind, no original, se afasta completamente do cinema de Shyamalan em seu final, onde se dispensa qualquer tipo de reviravolta surpresa para se optar por uma resolução que se encaixe com tudo o que foi proposto até então. Além disso, ele o elabora ao fazer uma declaração totalmente inesperada em um filme exclusivo da Netflix, mas que serve para encerrar de forma impecável algo que já havia sido discutido em diversas ocasiões. Nada surpreendente, mas certamente o melhor final que poderia ter.
Aí está justamente outro dos ingredientes que ajuda O Mundo Depois de Nós a agarrar e não soltar, mesmo quando levanta alguns detalhes que não funcionam bem, nas suas mais de duas horas de duração. E é verdade que esta vaga ameaça serve sempre como um grande ponto de ancoragem, mas é fundamental que os personagens sejam algo mais do que representações de meras ideias ou arquétipos para que se tenha interesse no que será deles.
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É claro que o talento de seus protagonistas ajuda muito nisso, com Roberts mostrando sua cara mais desconfiada e muitas vezes grudada em um copo com algum tipo de bebida alcoólica, enquanto Hawke brinca para fazer quase o contrário e está disposto a realizar qualquer coisa para poupar à sua família – há uma cena particularmente tensa a este respeito, mas não da forma que muitos esperariam.
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Por sua vez, Ali lida muito bem com a calma que define seu personagem e também com aquele elemento de mistério com que trata durante a primeira hora de duração. Aí talvez alguns acabem decepcionados, pois Esmail não aposta em nenhum tipo de surpresa e afirma sempre que as coisas são como dizem e não há nada escondido por trás disso, mas que sabe lidar bem com o mesmo para que não haja altos e baixos de interesse. Além disso, a personagem de Ali também tem um contraponto eficaz em sua filha fictícia interpretada por Myha’la, que em nenhum momento tem problemas em dizer as coisas do jeito que pensa.
Tudo isso temperado com aquele toque de dependência tecnológica que se esperaria do criador de Mr. Robot. É verdade que há momentos em que ele aborda isso diretamente, especialmente no momento em que o personagem de Hawke deixa claro o quão inútil é a sua especialidade num cenário como este – mas em termos gerais é algo que contribui mais para o prato principal e serve para completar o que Esmail propõe em O Mundo Depois de Nós.
Há outros detalhes que valeria a pena abordar, mas já foi revelado bastante para aqueles espectadores que ainda não tiveram a oportunidade de ver. O resultado final é satisfatório, algo que poucos filmes conseguem, e menos ainda se focarmos nos títulos exclusivos da Netflix.
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Fonte: adorocinema
