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Cinema

Batem à Porta: “O público quer novas histórias e vozes”, defende Shyamalan diante da onda de filmes de herói (Entrevista Exclusiva)

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Filmes de super-heróis têm sido objeto constante de discussões acaloradas dentro da indústria cinematográfica. Diretores como Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Jane Campion, Francis Ford Coppola e Alejandro González Iñárritu já soltaram o verbo sobre essas produções que custam milhões de dólares, que usam e abusam do CGI, e que vêm dominando as bilheterias na última década.

Para M. Night Shyamalan, o mestre dos plot twists que lança esta semana Batem à Porta, o sucesso de estúdios como Marvel e DC é compreensível, mas ele ainda acredita ser possível contar histórias profundas e relevantes com um orçamento reduzido e uma produção pequena.

“Eu entendo por que os filmes de heróis não param de fazer dinheiro: eles são a versão mais ampla dos filmes feitos para a família”, avalia o cineasta em entrevista exclusiva ao AdoroCinema. “São filmes que os homens querem ver, o que não é tão comum. Os pais dizem ‘vamos lá’ e levam a família toda para o cinema. Mas obviamente o público quer novas histórias, quer novas vozes.”

Em à Porta, Shyamalan mistura seu tradicional suspense psicológico com o gênero apocalíptico para acompanhar uma família que está de férias em uma cabana na mata. A tranquilidade de Andrew (Jonathan Groff), Eric (Ben Aldridge) e a filha pequena deles, Wen (Kristen Cui), é interrompida quando um grupo de estranhos liderado por Leonard (Dave Bautista) invade o local e os faz reféns.

Os invasores contam a Andrew, Eric e Wen sobre visões misteriosas que todos eles tiveram e que os levaram até ali para obrigar a família a tomar uma decisão inimaginável: salvar a si mesmos ou salvar a humanidade? É um sacrifício que pode evitar o fim do mundo, já em curso.

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Theo Wargo/WireImage
M. Night Shyamalan na première de Batem à Porta em , em janeiro de 2023.

O longa-metragem é baseado no romance “O chalé no fim do mundo”, publicado por Paul Tremblay em 2018. É, portanto, a terceira vez que o diretor de origem indiana se aventura no universo das adaptações, depois de transformar o desenho Avatar no filme O Último Mestre do Ar (2010) e a HQ “Castelo de areia” em Tempo (2021).

“A premissa que Tremblay propõe é linda, assim como os personagens”, elogia Shyamalan, que já afirmou ter sido este o roteiro que concluiu mais rápido em sua carreira. “O autor fez a maior parte do trabalho pesado para mim. Então eu apenas me inspirei na estrutura e comecei a escrever.”

Quando questionado se os seres humanos são de fato capazes de salvar o planeta e, logo, sua própria existência, Shyamalan hesita: “Não tenho certeza se confio nas pessoas. Mas uma parte de mim realmente acredita no próximo. E você enxerga esses dois lados no filme.”

“Há momentos em que tenho minhas dúvidas, e momentos em que sinto que nós conseguimos”, pondera o cineasta. “Os personagens passam por esse de acreditar ou não que aquilo está acontecendo, de ir e voltar o tempo todo. Esta é a melhor parte: o público não acredita em mim, podendo mudar de ideia a qualquer momento.”

Os intérpretes de Andrew e Eric, que também conversaram com o AdoroCinema, parecem mais otimistas do que Shyamalan. “Eu gosto de pensar que, em um determinado momento, vamos nos unir, começar a agir de outra forma e entender que, a menos que mudemos, não vamos continuar aqui por muito tempo”, admite Ben Aldridge.

Já Jonathan Groff cita um livro chamado “Lighter: Let Go of the Past, Connect with the Present, and Expand the Future”, lançado por Yung Pueblo em 2022. “Fala sobre a cura e como ela nunca esteve tão em alta no mundo quanto hoje. E que isso é um sinal de que coisas boas podem acontecer coletivamente”, explica o ator.

JONATHAN GROFF E BEN ALDRIDGE REVELAM SEUS FILMES PREFERIDOS DE SHYAMALAN

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Universal Pictures
Ben Aldridge, Kristen Cui e Jonathan Groff em cena de Batem à Porta.

Ainda durante o papo, Jonathan e Ben contam como reagiram quando descobriram que tinham sido escalados para Batem à Porta. “Eu fiquei animado, mas estava com medo”, confessa Ben. “Nunca li um roteiro em que eu precisasse tanto chorar e gritar. Era tão intimidante que eu fiquei tipo, “Isso é genial”. Mas também fiquei tipo, “Ok, eu realmente vou ter que fazer isso. Isso vai me exigir muito, vou ter que me expor muito. Parecia tão grandioso, os ricos eram altíssimos.”

Jonathan, por sua vez, lembra um fato bastante curioso sobre Shyamalan. “Ele ligou para todos nós para dar a notícia. É algo que ele costuma fazer: avisar antes que o agente ligue. Mas eu estava no carro na hora, dirigindo em New Hampshire. Estava sem sinal, então meu celular não tocou. De repente, vi uma mensagem de voz de Night dizendo que eu tinha passado para o filme.”

Ele só não imaginava que a experiência seria tão desafiadora. “Fui positivamente ignorante quanto à intensidade emocional que as cenas exigiam”, assume Jonathan.

Os dois colegas de elenco então revelam quais são seus filmes preferidos de Shyamalan. “Eu amo Sinais [2001]. É perfeito”, dispara Ben. “Mas, para mim, A Vila [2004] é o melhor! Eu adoro a ambientação, o mundo que Shyamalan criou, as atuações.”

Para Jonathan, nenhum outro supera O Sexto Sentido. “É muito consolidado, um clássico”, defende ele.

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Universal Pictures
Os visitantes desconhecidos de Batem à Porta: Adriane, Sabrina, Leonard e Redmond.

Se a dupla é fã dos trabalhos de Shyamalan, o cineasta também tem um ídolo para chamar de seu: Steven Spielberg, que concorre ao Oscar 2023 de Melhor Diretor por Os Fabelmans. “Ele é quase uma divindade para mim”, observa Shyamalan. “Eu tinha cartazes dele quando era pequeno. Eu venerava os filmes dele. Foi a primeira vez em que senti o fator humano em um gênero cinematográfico. Ele tem uma abordagem diferente da minha, mas o desejo de contar histórias sobre famílias no meio de eventos sobrenaturais é o mesmo.”

Shyamalan encerra a conversa recordando seu primeiro encontro com Spielberg. “Eu tinha 20 e muitos anos, e foi um dos melhores momentos da minha vida. Eu estava com febre no dia e, enquanto esperava por ele, só conseguia pensar: “Não acredito nisso! Eu vou conhecer meu herói e estou doente!” Mas ele foi ótimo, e nós nos vimos várias vezes depois disso. Eu sei o quanto ele significa para mim e para o mundo tudo.”

Batem à Porta está em cartaz nos cinemas do Brasil. O elenco ainda conta com Rupert Grint, Nikki Amuka-Bird e Abby Quinn. Vale lembrar que o AdoroCinema também entrevistou Dave Bautista – leia aqui! E para assistir ao vídeo completo, basta dar play abaixo ou clicar aqui.

Fonte: adorocinema

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