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Ciência & Saúde

Vídeo mostra formigas amputando pernas de companheiras feridas

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Uma formiga machuca uma de suas seis perninhas. Rapidamente, ela estende o membro para uma colega que esteja por perto, que analisa o local (e o tipo) da lesão, além de avaliar o tempo que já se passou desde o acidente.

Com base nisso, a colega pode escolher entre duas abordagens: encher a perna com baba, numa tentativa de amenizar o machucado, ou dar uma lambuzada menos intensa – seguida de uma mordida precisa. 

É isso que os cientistas observaram entre formigas carpinteiras da Flórida (Camponotus floridanus) e descreveram em um artigo publicado no dia 2 de julho na revista Current Biology. Veja abaixo o vídeo de uma delas amputando a perna de uma colega machucada:

O tratamento de feridas entre as formigas não era um fenômeno , claro. Em um artigo publicado em 2023, foi descoberto que um grupo diferente de formigas, as Megaponera analis, usa uma glândula especial para inocular ferimentos com compostos antimicrobianos destinados a reprimir possíveis infecções. Entretanto, as carpinteiras da Flórida não têm essa glândula. É a primeira vez que um animal parece estar usando apenas meios mecânicos para tratar suas companheiras de ninho.

“Quando estamos falando de comportamento de amputação, esse é literalmente o único caso em que ocorre uma amputação sofisticada e sistemática de um indivíduo por outro membro de sua espécie no reino animal”, diz Erik Frank, ecologista comportamental da Universidade de Würzburg e principal autor do artigo.

O estudo analisou o comportamento dos insetos diante de lesões no fêmur (mais próximo ao resto do corpo) e na tíbia (algo como o tornozelo da formiga). Todas as lesões no fêmur foram tratadas com limpeza do corte e amputação do membro. Em contrapartida, as da tíbia receberam apenas a limpeza. 

“Os ferimentos no fêmur, onde sempre amputavam a perna, tinham uma taxa de sucesso em torno de 90% ou 95%. E para a tíbia, onde não se amputava, ainda se obtinha uma taxa de sobrevivência de cerca de 75%”, diz Frank. Sem as intervenções, as taxas de sobrevivência eram de cerca de 40% e 15%, respectivamente.

O diagnóstico das formigas

Inicialmente, a hipótese é que a escolha do tratamento está relacionada ao risco de infecção no local da ferida. Como o fêmur é composto em grande parte por músculos, ele desempenha uma função vital de bombeamento de sangue. O contrário acontece na tíbia, que tem pouco tecido muscular e pouco envolvimento na circulação.

“Nas lesões da tíbia, o fluxo da hemolinfa [fluido corporal dos animais invertebrados] era menos impedido, o que significa que as bactérias podiam entrar no corpo mais rapidamente. Já nas lesões no fêmur, a velocidade da circulação sanguínea na perna foi reduzida”, diz Frank.

Você pode estar aí pensando: se o dano à tíbia resulta em infecções mais rápidas, não seria melhor que, nesses casos, a perna inteira fosse amputada de uma vez? Não é bem assim.

As formigas levam cerca de 40 minutos para concluir uma amputação, tempo que é crucial no caso de infecções que começam na tíbia. “Assim, por não conseguirem cortar a perna com rapidez suficiente para evitar a disseminação de bactérias nocivas, as formigas tentam limitar a probabilidade de infecção letal passando mais tempo limpando a ferida da tíbia”, observa o autor do artigo e biólogo evolucionário Laurent Keller, da Universidade de Lausanne.

A descoberta reforça ainda mais o fato de as formigas serem animais altamente colaborativos. “Quando você assiste aos vídeos em que a formiga apresenta a perna ferida e deixa que a outra a morda de forma totalmente voluntária e, em seguida, apresenta a ferida recém-criada para que outra possa terminar o processo de limpeza, esse nível de cooperação inata é impressionante”, diz Frank.

Fonte: abril

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