Uma equipe capitaneada pelo geofísico chinês Xianzhi Cao e publicada no periódico especializado Geoscience Frontiers traçou a movimentação das placas litosféricas que compõe a crosta da Terra desde 1,8 bilhão de anos atrás. Nenhum trabalho até hoje havia sido tão abrangente: os dados abarcam 40% da história do planeta.
Os pesquisadores publicaram um vídeo no youtube que começa no mapa-múndi atual e termina no período Estateriano do éon Proterozóico, quando toda a vida na Terra ainda consisitia em microorganismos e a concentração de oxigênio na atmosfera era algo entre 10% e 20% do que é hoje.
Um dos episódios mais conhecidos do novelão tectônico terráqueo é a formação do supercontinente Pangeia há 335 milhões de anos. Essa homérica extensão de terra firme, onde viveram os primeiros dinossauros, juntava em uma coisa só todo o território dos continentes atuais.
O primeiro usuário do nome – que junta as palavras gregas para “tudo” (πᾶν, ou pan) e para a divindade grega da Terra (Γαῖα, ou Gaia) – foi o próprio Alfred Wegener, o geólogo alemão responsável pela teoria da deriva continental. De início, a ideia de que a superfície do planeta se movia foi descreditada como devaneio.
Por ser mais recente, Pangeia dá evidências mais completas e fresquinhas de sua existência. Alguns conjuntos de fósseis mostram, por exemplo, que um mesmo animal habitava a África e a américa do Sul ao longo da mesma latitude – sinal de que, naquela época, os dois estavam grudados.
Apesar da fama, Pangeia não foi o primeiro supercontinente (entenda melhor aqui). Antes dela, houve a Rodínia, que ficava majoritariamente do hemisfério sul e se quebrou há 750 milhões de anos. E antes da Rodínia houve Numa, ou Columbia, que se formou há 2,1 bilhões de anos.
As mudanças no mapa-múndi são só um vislumbre do quadro enorme de alterações pelas quais o planeta passou ao longo de sua história. Por exemplo: conforme microorganismos pioneiros desenvolviam diferentes tipos de fotossíntese, a cor dos oceanos variou entre turquesa e roxo.
Conhecer a disposição exata das massas de Terra e dos oceanos ao longo do passado profundo é um passo essencial para pôr ordem no resto das descobertas que os geólogos vêm acumulando há séculos. E assim, entender exatamente quais forças bióticas e abióticas deram origem à vida como a conhecemos.
fonte: abril