O Ministério da Saúde anunciou, nesta sexta-feira (19), a detecção do primeiro caso de cólera no país desde 2005. O paciente é um homem de 60 anos, morador de Salvador, na Bahia, sem histórico de viagens para países onde essa doença circula. Portanto, trata-se de um caso autóctone, ou seja, que se originou no Brasil.
Isso não ocorria desde 2005, quando o estado de Pernambuco registrou os últimos cinco casos de cólera autóctone no país. Segundo o Ministério da Saúde, o paciente infectado não representa risco sanitário – pois ele já superou a fase em que a doença é transmissível, que dura aproximadamente 20 dias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 31 países registraram casos ou tiveram surtos de cólera em 2024. A África é o continente mais afetado, com 18 nações alcançadas pela doença. Nas Américas, além do Brasil, a cólera está presente no Haiti e na República Dominicana.
A cólera é causada por uma bactéria chamada Vibrio cholerae, que circula na água. Ela é contraída por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados – especialmente frutos do mar, como crustáceos, moluscos e peixes. Também pode ser transmitida diretamente de pessoa para pessoa.
Após contrair a bactéria, há um período de incubação, que dura em média 2 a 3 dias. Aí surgem os sintomas, que são diarreia, vômitos e desidratação intensa. Dependendo do caso, a doença pode matar, sobretudo se não for tratada. De acordo com a OMS, a doença atinge 1,3 a 4 milhões de pessoas por ano no mundo, causando 21 mil a 143 mil mortes.
Estima-se que a cólera tenha matado milhões de pessoas ao longo da história. Ela foi especialmente prevalente no século 19, quando causou surtos na Europa e na Rússia. No começo do século 20, houve uma grande epidemia na Índia, que pode ter causado oito milhões de mortes.
Existem vacinas contra a cólera, mas elas só são indicadas para regiões que estejam sob surto da doença (o que não é o caso do Brasil). A prevenção consiste em melhorar o saneamento básico, com sistemas de tratamento de água que eliminem a bactéria, e na boa higiene dos alimentos e das mãos.
Fonte: abril