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Ciência & Saúde

Por que pelos das axilas são usados em testes toxicológicos? Descubra o motivo por trás desta prática!

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Na última semana, o candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos se defendeu das acusações de uso de drogas ao apresentar um laudo de exame toxicológico. O exame, feito na rede de laboratórios Fleury e assinado pelo médico presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, veio negativo para todas as substâncias analisadas: cocaína, AEME, benzoilecgonina, cocaetileno e norcocaína.

Um detalhe chamou a atenção dos eleitores: o material de análise consiste em dois centímetros de pelos coletados da axila do candidato.

O uso de pelos (e não de urina ou sangue) em exames toxicológicos é preferido por muitas razões. Além da coleta ser menos invasiva, o material é mais fácil de conservar e está menos suscetível à adulteração. A urina e sangue guardam registros do uso de drogas nos últimos poucos dias, enquanto cada um dos fios de cabelo pode guardar meses de registros.

 

Na prática, todos os pelos guardam registros de drogas, medicamentos e contaminantes ambientais do seu corpo. Essa característica é extremamente útil para análises forenses, que investigam crimes. Até porque, depois da morte do indivíduo, os líquidos serão os primeiros a serem decompostos, enquanto os pelos podem durar milênios intactos.

Foi assim que cientistas descobriram que populações andinas mascam coca há mais de três mil anos: em múmias peruanas e chilenas, é possível encontrar substâncias derivadas da coca em seus cabelos preservados.

Para a análise laboratorial, é muito importante evitar que a exposição passiva a algum contaminante interfira nos resultados. Por isso, o primeiro passo é lavar os pelos e descontaminá-los. Depois disso, eles são cortados em pedaços bem pequenininhos e misturados em diferentes soluções. Cada uma dessas soluções produz uma reação, e passa por processos químicos que permitem identificar as substâncias que estavam no fio original.

Mas por que o pelo da axila?

Nem todos os pelos do corpo são iguais. Muita coisa pode influenciar no registro das substâncias: as taxas de crescimento e de reposição, a irrigação sanguínea, a cor do pelo e a exposição ao Sol, por exemplo.

Vários estudos já compararam os registros de drogas em amostras de pelos de diferentes partes do corpo de um mesmo indivíduo. As concentrações de morfina, metadona e fenobarbital encontradas nos pelos da axila foram muito maiores do que nos da cabeça da mesma pessoa. Por isso, em geral, os pelos não são bons em discriminar com confiabilidade quanto de cada substância a pessoa usou, mas apenas apontar se usou ou não.

No geral, a recomendação é utilizar pelos tirados da cabeça, especificamente da parte superior e traseira. Segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Toxicologia, é preciso tirar entre 1 e 3 centímetros de cerca de 150 a 200 fios, uma quantidade equivalente à espessura de um lápis. É preciso manter a mecha juntinha em um envelope e registrar qual lado é a ponta e qual é a raiz.

Mas se a pessoa, como Boulos, não tiver fios longos o suficiente na cabeça, a coleta pode ser de pelos pubianos ou da axila. O mesmo ocorre caso a pessoa tenha fios descoloridos ou com tratamentos químicos agressivos, como a permanente ou escova progressiva. Isso porque essas intervenções alteram a estrutura dos fios, e podem prejudicar a análise. Na situação da pessoa não ter pelos em lugar nenhum, o exame toxicológico pode ser feito a partir de unhas.

Fonte: abril

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