Na última terça (2), o Escritório de Política Científica e Tecnológica dos Estados Unidos (OSTP) enviou um memorando pedindo uma missão à Nasa. Junto a outro órgãos (nacionais e internacionais), a agência espacial americana têm até o final de 2026 para estabelecer um sistema que funcionará como um fuso horário lunar.
Não será como o sistema de fuso da Terra, já que todas as fatias da Lua terão a mesma hora, mas sim um quadro temporal que terá o satélite como referência para futuras missões por lá.
“Mas por que criar um horário lunar se de um lado é dia e o outro noite?”, você pode estar se perguntando. Vamos por partes.
Após mais de 50 anos, a Nasa pretende voltar para a Lua. A missão Artemis 2 (que devido a problemas no foguete da SpaceX, foi adiada para meados de 2025), fará um voo tripulado até as redondezas do satélite. Já a Artemis 3, programada para acontecer entre final de 2026 e 2027, vai pousar por lá.
Além da Nasa (que pretende criar bases científicas para estudos no satélite), outros países também preparam missões espaciais para explorar a Lua. É a nova corrida espacial.
Mas coordenar as comunicações e cálculos envolvendo satélites, a base de comunicações aqui na Terra e os astronautas em órbita lunar é um problema. Como a gravidade na Lua é menor do que aqui na Terra, o tempo lá passa um pouco mais rápido (58,7 microssegundos todo dia).
Para que a comunicação entre a Terra, os astronautas e outros satélites sejam feitas com eficiência, é necessário estabelecer formas seguras e sincronizadas para a transferência das informações. Assim, a agência americana quer criar o chamado Tempo Lunar Coordenado (LTC).
De forma similar aos relógios e fusos horários na Terra que seguem como base o Tempo Universal Coordenado (UTC), o sistema na Lua iria fornecer aos astronautas e engenheiros um ponto de referência para a manutenção do tempo, principalmente voltado para as espaçonaves lunares e satélites, cuja precisão para o sucesso das missões é fundamental.
O sistema poderá permitir que os dados obtidos nos experimentos sejam transferidos com mais agilidade e segurança, e que a localização e mapeamento de posições no satélite sejam feitos com maior precisão.
De acordo com Kevin Coggins, oficial de comunicações e navegação da Nasa, uma das formas de se estabelecer esse sistema será implantar relógios atômicos na própria Lua.
“Um relógio atômico na Lua vai marcar o tempo em uma taxa diferente do que um relógio na Terra. Faz sentido que quando você vai para outro corpo, como a lua ou Marte, cada um tenha seu próprio batimento cardíaco”, disse em entrevista ao The Guardian.
Fonte: abril